Resumo

Integra

Os leitores que me acompanham (tenho isso?) sabem que há muito tempo insisto num tal “diagnóstico do esporte”. 

Esse documento tornou-se mais necessário depois dos grandes eventos que sediamos, devido os milionários investimentos públicos realizados e para se ter dado comparativo do antes e do depois do Pan 2007, dos Jogos Mundiais Estudantis, Olimpíada, Paralimpíada, Copa do Mundo etc. 

Em 2015, o Ministério do Esporte lançou um Diagnóstico do Esporte, que abordou quatro vertentes: praticantes, infraestrutura, legislação e investimentos. Porém, o ministro da época, George Hilton, divulgou só o primeiro assunto. Os demais levantamentos ficaram no esquecimento. 

Há outro documento, já antigo, de 1971, do professor Lamartine Pereira da Costa, uma das principais referências de estudos olímpicos no Brasil. Mais recentemente, ele atualizou os dados numa volumosa e preciosa publicação que também passou e passa ao largo do governo.

Faço essa memória em tempos de indefinições e suspense sobre os rumos do esporte em nosso país. Depois da Olimpíada Rio 2016, no lugar do fortalecimento esportivo tivemos uma tragédia espetacular. Inclusive, com a prisão de dirigentes, entre eles o olímpico Carlos Arthur Nuzman. 

A mudança de governo agravou o quadro. O Ministério transformou-se em secretaria, vinculada ao Ministério da Cidadania, até agora de atuação inexpressiva. Do lado de fora, as confederações fazem água. Sem a facilidade de captar recursos como em outros governos são devedoras na maioria. 
O resultado dos Jogos Pan-Americanos de Lima ajudará para um balanço do que ficou em ternos de competidores. E o restante? E a gestão? E a confiança na cartolagem que aí está? Haverá investimentos financeiros para as novas gerações? De onde virá o dinheiro? 

É nesse momento que o diagnóstico do esporte se torna indispensável. E há um recente, de 2016, autoria do IBGE e abrangendo os 5.570 municípios. Será que o capitão-presidente acredita nesses dados? 
O levantamento é detalhado. Por exemplo, há 41.641 instalações esportivas no país; 14 mil quadras de esporte e 5.786 ginásios. Há informações sobre recursos humanos, e, atenção: 253 municípios concedem bolsa atleta aos seus competidores. 

No momento em que se discute a reforma da Lei Pelé, em que o governo está sem rumo, no momento em que nossos dirigentes não sabem o que fazer sem as muletas financeiras do governo, em que vários dirigentes são devedores é preciso se conscientizar da necessidade de uma reforma geral. Uma reforma em que o governo diga, antes tudo, o que pretende com o esporte social, com o esportivo e com o de alto rendimento. 

Mas quem tomará essa iniciativa? Quem é o líder esportivo nacional confiável para essa missão? Não contem com o ministro o ministro da Cidadania, Osmar Terra, que “comanda” os assuntos do Esporte. 
Informações para se ter rumo não faltam. Falta o governo considerar a importância do esporte, não só nas questões humanas de educação, cidadania, competição etc. Mas como força da sua indústria, geradora de impostos, disponível à mão-de-obra, enfim. 

Pode parecer estranho falar sobre “esporte” num país em dificuldades diversas, inclusive de famintos pelas ruas. Temos isso, sim, capitão! Mas não se pode ignorar o gigantesco patrimônio físico e humano que se construiu nas últimas décadas. Jogar tudo isso fora é queimar bilhões de reais que fizeram falta a segmentos sociais importantíssimos, principalmente.