Resumo

A EF sofreu muitas mudanças até chegar ao que conhecemos no mundo contemporâneo. As maiores se constituíram pelo método, conteúdo e suas formas de expressão, uma vez que sua finalidade absorve as marcas da historicidade humana. Diante desse contexto, o objetivo desse estudo foi investigar como o fenômeno da esportivização passou a hegemonizar as diversas expressões da cultura corporal, tornando a lógica esportiva como aquela que guia os métodos de trabalho pedagógico nas aulas de Educação Física (EF) e nas manifestações culturais. A partir de uma leitura históricocrítica, a luz da literatura consultada, refletimos sobre o desenvolvimento da EF evidenciando a sua função social. Dessa maneira, analisamos o fenômeno a partir de algumas fontes teóricas que nos permitiram compreender como ele se manifesta. Partimos de nossa percepção inicial de que existe uma hegemonia do esporte mesmo nas manifestações não esportivas da cultura corporal. Ancoramos em Bracht (1999); Coletivo de Autores (1992), Soares (1996; 2000; 2002), Castellani Filho (1996; 2007) como suporte teórico para perceber os determinantes do nosso objeto de estudo. Sabemos que as grandes mudanças durante a história sobre o que tratar nas aulas de EF proporcionou uma diversidade de teorias pedagógicas. Essas teorias acabam por definir o perfil, a finalidade da escola e tais discussões seguem até hoje. A função social da escola que se define por sua responsabilidade de promover uma formação crítica nas vidas dos jovens se choca com uma perspectiva que tome a lógica esportiva como a referência para toda a EF hegemonizando todas as expressões da cultura corporal. É necessário pensar sobre o constructo do projeto político pedagógico escolar como representação de uma intencionalidade, ação deliberada, prática interventiva e reflexiva sobre a ação dos homens na realidade. Com um sistema educacional frágil, a classe trabalhadora necessita de elementos de resistência como a própria dimensão conceitual da cultura esportiva como hábitos e costumes adquiridos historicamente, para não ficar subordinada à disseminação sistêmica da esportivização que não coaduna com a transformação da realidade pedagógica da EF. Ficaremos alheios a essa necessidade? Para pensar a EF numa dimensão pedagógica necessitamos estar dispostos para o enfretamento de conflitos de ordem sócio-política a fim de formar pessoas conscientes e críticas de suas condições sociais, diante de um sistema capaz de mistificar seus reais interesses impostos à sociedade.

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