Resumo

A presente tese trata das relações que se estabelecem entre a prática do Esporte Adaptado para Idosos, o Câmbio, e o processo de envelhecimento a partir do cotidiano vivido pelos alunos idosos, em três unidades recreativas da Secretaria Municipal de Esporte, Recreação e Lazer do município de Porto Alegre. O estudo foi desenvolvido numa perspectiva qualitativa, através de uma abordagem ética-estética-afetual, inspirada na Sociologia Compreensiva de Michel Maffesoli. Como parte da pesquisa, algumas ações foram realizadas: entrevistas semiestruturadas com quinze alunos; aplicação de um questionário com perguntas abertas e fechadas, com vinte e seis alunos; e observação das aulas de Esporte Adaptado/Câmbio, descritas em trinta e seis diários de campo. O Câmbio é um Esporte Adaptado para Idosos, resultado de uma política pública inserida no rol de ações da Política Nacional do Idoso, concebida como uma ferramenta de promoção à saúde e melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. Para a análise das entrevistas e do questionário, foi utilizada a estatística simples e a análise de conteúdo. A partir dos dados dos alunos que responderam ao questionário e as falas dos entrevistados, é possível dizer que esse grupo de idosos tem um perfil socioeconômico e sociodemográfico semelhante a outras pesquisas que envolvem a população idosa no contexto brasileiro. O que diferencia esses grupos de outros é a participação expressiva de alunos homens nas aulas. Todos os alunos são ativos, além das aulas de Câmbio, ainda realizam outras atividades físicas, manuais, sociais, intelectuais e artísticas. A grande maioria já praticava, ou havia praticado alguma atividade física e/ou esportiva. Um número expressivo de alunos possui alguma doença crônica, mas todos têm uma percepção positiva de sua saúde. A partir da análise das entrevistas, das respostas dos questionários e das observações, é possível dizer que, na perspectiva dos alunos, o Câmbio é vivido como uma prática esportiva competitiva e recreativa, assim como o reconhecem como uma atividade física importante para a manutenção das capacidades físicas e cognitivas. É um ambiente festivo, onde os idosos encontram seus pares, pessoas que compartilham o mesmo momento de vida, e nesse conviver constroem sua forma de ser idoso. É possível dizer, ainda, que participar dos grupos de Câmbio oportunizou a essas pessoas recriarem suas vidas, realizarem sonhos, reafirmarem sua vontade de viver e atualizarem-se em sua forma de estar envelhecendo. Essa prática constitui-se, pois, num espaço de cuidado, onde o estar-junto fortalece-os perante os desafios que surgem no transcorrer deste período da vida, na convivência, no compartilhar e na solidariedade.

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