Resumo

Analisamos a percepção dos/as estudantes acerca dos estereótipos de gênero e seus efeitos nas práticas corporais e esportivas, enfatizando a desconstrução dos mesmos de modo a privilegiar aulas de Educação Física equitativas. Colaboraram 63 estudantes de ensino médio de uma escola pública que, após cumprirem os requisitos éticos, participaram de oficinas pedagógicas com vistas a problematizar estereótipos e refletir acerca da Educação Física. Utilizamos uma abordagem mista em uma pesquisa etnográfica, cujas fontes de pesquisa foram um questionário que apresentava afirmações sobre os estereótipos de gênero no esporte e observações participantes registradas em diário de campo produzidas no decorrer das oficinas. Os resultados apontam que a maioria dos estereótipos de gênero nos esportes foram refutados, alguns produziram dúvidas e poucos foram reafirmados pelos/as estudantes. Contudo, os efeitos são observados nas habilidades motoras visto que são apontadas como fatores limitantes da participação de muitas garotas, mas, também, de alguns garotos em aulas de Educação Física. Debates, estratégias de aula e conteúdos podem ser grandes aliados na desconstrução de estereótipos e, nesse caso, o/a professora/a ocupa uma posição central ao promovê-la. Concluímos que problematizar o tema nas aulas de Educação Física é imprescindível para uma educação justa e equitativa.

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