Resumo

O uso de esteróides anabólico-androgênicos (EAA), visando ao aprimoramento do desempenho e à alteração da aparência muscular, apresenta-se como uma questão emergente no meio da Educação Física. Esse uso encontra-se fortemente associado ao treinamento na musculação devido ao sinergismo entre ambos – droga e treinamento – na aceleração e potencialização dos resultados musculares esperados por uma parcela dos praticantes. Dessa forma, torna-se importante compreender os saberes que vêm dando sustentação para que essa associação venha se consolidando no meio da musculação, apesar do confronto existente com o saber médico, que se orienta para o desencorajamento ao uso. Este estudo foi realizado a partir da observação da prática da musculação, por meio de entrevistas a praticantes dessa atividade e análise de uma parte do material disponível que se propõe a disseminar informações sobre o uso de EAA, no contexto do treinamento muscular. Foi realizada uma observação participante em academias de musculação na cidade de Belo Horizonte, entrevistas semi-estruturadas com praticantes e levantamento de fontes escritas e virtuais sobre o uso dessas drogas associado a essa modalidade de treinamento. Como referenciais teóricos, foram utilizadas, primordialmente, a teoria das representações sociais e informações sobre a droga em questão, consideradas em um espectro associado ao treinamento fisico. A análise das categorias determinadas para o estudo mostrou que entre os entrevistados, essas drogas são entendidas como aceleradores do processo de hipertrofia muscular e que os conhecimentos disponíveis estão localizados em diferentes fontes, destacando-se o meio eletrônico (internet). Além disso, a investigação sobre quem são, na visão dos praticantes, os detentores do saber que associam o uso à pratica da musculação, mostrou respostas, conduzindo tanto para os profissionais médicos, como para praticantes de musculação com larga experiência no treinamento e na investigação independente desses saberes. Percebeu-se que os praticantes manipulam esses saberes em consonância com representações sobre a interferência da droga no treinamento muscular e seus efeitos no X organismo, perpassando diferentes campos do conhecimento humano, mas com ênfase naqueles originados na Ciência Médica. Além disso, percebeu-se a idéia de que, mesmo entre os praticantes, não parece existir um saber nativo exclusivo desse grupo social, mas sim, uma utilização do saber científico, (re)elaborado a partir das representações referentes ao processo de treinamento e uso de EAA. 

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