Estilo de Vida, Capacidade Para o Trabalho e Composição Corporal em Trabalhadoras da Indústria Frigorífica
Por Deisy Márcia Grande e Gradiski (Autor).
Em Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano v. 7, n 1, 2005. Da página 85 a -
Resumo
Na sociedade contemporânea, a inclusão das mulheres à força de trabalho tornou-se parte do cotidiano, levando-as a desempenhar múltiplos papéis e a realizar dupla jornada, uma vez que o ingresso no mercado formal de trabalho não as exclui das demais atribuições culturalmente consideradas femininas. Tal fenômeno tem motivado pesquisas com o intuito de analisar as repercussões deste “modus vivendi” sobre a saúde e o bem-estar do gênero feminino. Neste estudo analisou-se a percepção do estilo de vida e da capacidade para o trabalho bem como a composição corporal de um grupo de mulheres trabalhadoras de uma indústria frigorífica de grande porte. Trata-se de um estudo descritivo correlacional. Foram utilizados os questionários “Fantastic Lifestyle” para avaliar o estilo de vida (EV) e o Ìndice de Capacidade para o Trabalho (ICT) para avaliar a capacidade para o trabalho, ambos instrumentos de auto-avaliação e auto-aplicáveis. Para avaliar a composição corporal, utilizou-se o cálculo do índice de massa corporal (IMC), tendo sido coletados os dados antropométricos (massa corporal e estatura). A amostra constituiu-se de 102 mulheres, com idade entre 20 e 46 anos, sendo a média de 29,8 anos, predominantemente casadas (68,6%). Quanto à escolaridade, a maioria apresentou segundo grau completo (25,5%) ou incompleto (16,7%). Observou-se que o número de filhos foi de nenhum para 29,41%, um para 39,22%, dois para 27,45% e 3,92% para três filhos. A imensa maioria das mulheres referiu executar trabalhos domésticos. Quanto ao EV, os escores obtidos indicam zonas de benefício à saúde, sendo considerada excelente para 17,65%, muito boa para 71,57% e boa para 10,78%. O ICT foi considerado bom ou ótimo por 67,59%, moderado por 29,41% e baixo por 2,94%. No que tange à composição corporal, avaliada através do IMC, a maioria (88,2%) o apresenta dentro dos padrões da normalidade, encontra-se baixo para 2,9%, indica sobrepeso para 7,8% e obesidade para 1,0% . Tais achados são concordantes com as teorias de que o cenário atual do trabalho da mulher implica na alternância do trabalho remunerado e doméstico, resultando num extenso tempo de atividade e com elevadas demandas. Entretanto, neste grupo analisado, o EV, o ICT e a composição corporal indicam, de modo geral, níveis satisfatórios para a saúde. Finalmente, conclui-se que as trabalhadoras que participaram do presente estudo têm desempenhado múltiplos papéis de tal modo que tem sido possível manter o complexo entrelaçamento de variáveis que compõem os indicadores de estilo de vida, capacidade para o trabalho bem como a composição corporal dentro de um intervalo adequado para a saúde e para o trabalho