Resumo
O objetivo deste estudo epidemiológico transversal foi descrever a prevalência de comportamentos relacionados à saúde e analisar suas possíveis inter-relações em uma amostra representativa dos escolares do ensino médio no município de Florianópolis-SC, Brasil. A seleção da amostra por conglomerado em dois estágios incluiu 1.107 escolares (530 rapazes e 577 moças) de escolas públicas e particulares, com média de idade’de 16,4 (DP=1 ,28; 15-18 anos). As informações referentes ao estilo de vida dos escolares foram coletadas a partir da utilização de um questionário auto-administrado, que possibilitou o levantamento de informações sociodemográficas, prática de atividades físicas, hábitos alimentares, tabagismo e etilismo. Medidas de dobras cutâneas (tríceps e subescapular) foram efetuadas a fim de estimar a percentagem de gordura corporal. Na análise dos dados, utilizou-se os recursos da estatística descritiva (média, desvio padrão, freqüência relativa e intervalo de confiança), medida de associação Qui-quadrado e teste "1" para comparação entre amostras independentes. Os resultados evidenciaram que a maioria dos jovens não trabalha (75,4%), têm um ou dois irmãos (67,4%) e pertencem as classes socioeconômicas B (47%) e C (33,8%). A proporção de jovens insuficientemente ativos foi elevada, principalmente nas moças (78,1 %) em comparação aos rapazes (52,7%). Apenas cerca de um em cada três escolares (31,3% dos rapazes e 35,1% das moças) relatou consumir frutas diariamente. O consumo diário de verduras foi referido por 26,1% dos rapazes e 34,2% das moças. Dos jovens estudados, 8,9% referiram fumar, sendo que a prevalência de fumantes foi maior nas moças (10,8%) do que nos rapazes (6,8%). O consumo regular de bebidas alcoólicas foi referido por 38% dos jovens, enquanto 23,9% referiram ter consumido na última semana cinco ou mais doses em uma mesma ocasião (28,8% dos rapazes e 19,2% das moças). A prevalência de obesidade foi de 14,3% nos rapazes e 15,1% nas moças. Mais da metade dos rapazes (60,8%) e dois terços das moças (67,1%) apresentaram dois ou mais comportamentos de risco à saúde. A freqüência de consumo de frutas e verduras foi maior entre os escolares com maior nível de atividade física. Enquanto, a proporção de fumantes é maior entre os escolares que também referiram consumo regular de bebidas alcoólicas. Entre escolares do ensino médio de Florianópolis, os comportamentos de risco à saúde com maior prevalência e que devem ser observados no desenvolvimento de intervenções futuras são quanto ao uso pesado de bebidas alcoólicas, consumo reduzido de frutas e verduras, bem como os baixos níveis de atividade física.