Estratégias de ensino para tratar a temática saúde por professores de educação física de Pernambuco
Por Joicy Ferreira da Silva Ramos (Autor), João Luiz Andrella (Autor), Evelyn Ribeiro Corgosinho (Autor).
Em XX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Desde a sua gênese, ao longo do século XIX, a Educação Física (EF) sempre teve uma relação próxima com a saúde, com um papel significativo na construção de um corpo biológico. Contudo, mesmo que o conceito de saúde ao longo dos anos tenha ampliado, alguns pesquisadores apontam que ainda se nota um olhar predominantemente biomédico e de prevenção de doenças, até mesmo na escola, com a reprodução de uma concepção biológica de corpo e saúde. Nestas circunstâncias, a EF escolar tem um papel importante de colaborar com a construção de uma educação para a saúde, de forma que desenvolva as práticas corporais e atividades físicas como parte de um estilo de vida de forma saudável e sustentável para a organização da sociedade. Por isso, a escola se torna o local propício para contribuir com a educação para a saúde, buscando desenvolver hábitos, mas entendendo complexidades, como por exemplo, os determinantes sociais da saúde e possíveis barreiras que podem estar relacionadas para alcançar estes hábitos. O presente estudo, de abordagem qualitativa, teve o objetivo de investigar as estratégias de ensino para o trato da temática saúde pelos professores de EF do Ensino Médio na rede estadual de Pernambuco. A pesquisa foi aprovada no comitê de ética e pesquisa e realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com sete professores, cujos dados foram trabalhados a partir da análise de conteúdo categorial por temática de Bardin. A análise foi conduzida em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento de dados. A partir dessa abordagem foi possível organizar as falas em três categorias: “Percepções do professor de EF”, “Estratégias pedagógicas para promover a saúde” e “Desenvolvimento da temática saúde nas aulas”. Observou-se que os professores entendem saúde de forma ampliada, abrangendo aspectos físicos, mentais e sociais, conforme a sugestão da Organização Mundial da Saúde, embora a aplicação prática frequentemente priorize questões biológicas e comportamentais. As estratégias pedagógicas relatadas foram variadas, incluindo aulas práticas, uso de vídeos, debates e integração de tecnologias digitais. Os professores destacaram o uso de práticas corporais e atividades físicas como ginástica, dança, lutas e jogos para vincular saúde ao cotidiano dos alunos. Além disso, enfatizaram a importância de promover hábitos saudáveis e a conscientização crítica sobre o tema, embora enfrentem desafios como a escassez de recursos e limitações estruturais das escolas. A pesquisa revelou que, embora os professores demonstrem esforço em tratar a saúde de forma integral, há lacunas na conexão com determinantes sociais mais amplos, como desigualdades e questões culturais. A maioria das intervenções ocorre de forma improvisada, em resposta a situações contextuais, sem um planejamento integrado à cultura corporal. Os resultados apontam para a necessidade de uma formação continuada que possibilite aos professores a construção do planejamento e execução de práticas pedagógicas mais sistemáticas, conectando a saúde aos aspectos críticos e culturais. Conclui-se que a EF escolar possui potencial para incentivar o cuidado e manutenção da saúde individual e coletiva, desde que fortalecida por estratégias pedagógicas contextualizadas e suporte institucional adequado.