Estrutura, Perfil dos Frequentadores e Padrão de Utilização de Academias a Céu Aberto em Belo Horizonte, Minas Gerais
Por Rogério César Fermino (Autor), José Mauro Silva Vidigal (Autor), Hugo Cesar Martins-costa (Autor), Amanda Paula Fernandes (Autor).
Em Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde - RBAFS v. 27, n 1, 2022.
Resumo
O objetivo deste estudo foi descrever a estrutura, o perfil dos frequentadores e o padrão de utilização de Academias a Céu Aberto (ACA) localizadas em áreas de vulnerabilidade distintas de Belo Horizonte, Minas Gerais. Estudo com delineamento transversal e análises exploratórias, realizado em duas ACA no ano de 2016. Foram utilizadas três abordagens in loco para mensurar as variáveis de interesse: das estruturas das ACA (PARA), entrevistas face-a-face com os usuários presentes e observação sistemática dos frequentadores (SOPARC). Os dados foram analisados com a estatística descritiva e testes de qui-quadrado e Fisher no software R (p < 0,05). ACA-médio risco apresentou melhores estruturas para exercícios, conforto para usuários e condições de limpeza, estética e segurança comparadas à ACA-baixo risco. Foram entrevistados 49 adultos (51,2% mulheres) e observados 294 frequentadores (59,9% homens). Entre os usuários entrevistados, a maioria tinha mais de 50 anos, apresentavam sobrepeso ou obesidade (65,2%). Ademais, 51,0% dos entrevistados realizavam 150 minutos ou mais de atividade física moderada ou vigorosa, sendo que 24,5% deles atingiram esse tempo utilizando apenas as ACA (p = 0,016). Por meio do SOPARC, foi observado proporcionalmente maior presença de adultos (62,0%), de frequentadores em atividades sedentárias (58,4%), seguido de exercícios nos aparelhos das ACA (34,7%), e em dias de semana (64,0%). Proporção significativa de frequentadores em atividades sedentárias foi observada na ACA-baixo risco (p < 0,001). Este estudo contribui para orientação de políticas públicas de promoção de atividade física nas ACA, reforçando a relevância dos aspectos do ambiente físico e social no planejamento, monitoramento e avaliação dessas intervenções.
Referências
Bauman AE, Reis RS, Sallis JF, Wells JC, Loos RJF, Martin BW, et al. Correlates of physical activity: Why are some people physically active and others not? Lancet. 2012;380(9838):258-71. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60735-1
Diez Roux AV. Investigating neighborhood and area effects on health. Am J Public Health. 2001;91(11):1783-9. DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.91.11.1783
Malta DC, Castro AM, Gosch CS, Cruz DKA, Bressan A, Nogueira JD, et al. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda da atividade física no contexto do SUS. Epidemiol e Serviços Saúde. 2009;18(1):76-86. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742009000100008
Fernández-Rodríguez EF, Merino-Marban R, Romero-Ramos O, López-Fernández I. A systematic review about the characteristics and patterns of use of outdoor gyms. J Hum Sport Exerc. 2020;15(3):S688-707. DOI: https://doi.org/10.14198/jhse.2020.15.Proc3.21
Battistel JA, Floss MI, Cruvinel AFP, Barbato PR, Fermino RC, Guerra PH. Perfil dos frequentadores e padrão de utilização das academias ao ar livre: revisão de escopo. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2021;26:1-8. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.26e0186
Vidigal JMS, Caldeira JRS, Fermino RC, Martins-Costa HC, Fernandes AP. Ação “Lazer Mais Saúde”: experiências em promoção da atividade física nas Academias a Céu Aberto em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2019;24:e0105. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.24e0105
Ibiapina A, Moura M, Santiago M, Moura T. Caracterização dos usuários e do padrão de uso das academias ao ar livre. Rev Bras em Promoc Saúde. 2017;30(4):1-10. DOI: https://doi.org/10.5020/18061230.2017.6688
Alberico CO, Aaron Hipp J, Reis RS. Association between neighborhood income, patterns of use, and physical activity levels in fitness zones of Curitiba, Brazil. J Phys Act Heal. 2019;16(6):447-54. DOI: https://doi.org/10.1123/jpah.2018-0234
Silva DB , Tribess S, Papini CB. Perfil dos usuários e padrão de utilização das Academias ao Ar Livre de Uberaba, Minas Gerais. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2019;24:e0111. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.24e0111
Mathias NG, Melo Filho J, Szkudlarek AC, Gallo LH, Fermino RC, Gomes ARS. Reasons for the practice of physical activities in an fitness zone from Paranagua, Brazil. Rev. Bras. de Cienc. do Esporte . 2019;41(2):222-8. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.03.030
Cerdá M, Tracy M, Ahern J, Galea S. Addressing population health and health inequalities: The role of fundamental causes. Am J Public Health. 2014;104(Suppl 4):S609-19. DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.302055
Silva I, Mielke G, Nunes B, et al. Espaços públicos de lazer: distribuição, qualidade e adequação à prática de atividade física. Rev Bras Atividade Física Saúde. 2015;20(1):82. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.20n1p82
Souza CA, Fermino RC, Rodriguez Añez CR, Reis RS. Perfil dos frequentadores e padrão de uso das academias ao ar livre em bairros de baixa e alta renda de Curitiba-PR. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2014;19(1):86. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.19n1p86
Bergmann GG, Streb AR, Ferrari M, Alves DCC, Soares BAC, Ferreira GD, Pinheiro S. Barriers for the use of outdoor gyms in adults and elderly from a southern city of Brazil. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2020;25:e0159. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.25e0159
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Índice de Vulnerabilidade à Saúde. 2012. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2018/publicacaoes-da-vigilancia-em-saude/indice_vulnerabilidade2012.pdf.
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Plano Municipal de Saúde 2018 a 2021. 2018. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/planejamento-em-saude/plano-municipal-de-saude.
Lee RE, Booth KM, Reese-Smith JY, Regan G, Howard HH. The Physical Activity Resource Assessment (PARA) instrument: Evaluating features, amenities and incivilities of physical activity resources in urban neighborhoods. Int J Behav Nutr Phys Act. 2005;14(2):13. DOI: https://doi.org/10.1186/1479-5868-2-13
Costa B, Freitas C, Silva K. Atividade física e uso de equipamentos entre usuários de duas Academias ao Ar Livre. Rev Bras Atividade Física Saúde. 2016;21(1):29. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.21n1p29-38
Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Andrade E, Oliveira L, et al. Questionário internacional de atividade física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2012;6(2):5-18.
McKenzie TL, Cohen DA, Sehgal A, Williamson S, Golinelli D. System for Observing Play and Recreation in Communities (SOPARC): Reliability and Feasibility Measures. J Phys Act Heal. 2016;3(s1):S208-S222. DOI: https://doi.org/10.1123/jpah.3.s1.s208
Pratt M, Brownson RC, Ramos LR, Malta DC, Hallal PC, Reis RS, et al. Project GUIA: A model for understanding and promoting physical activity in Brazil and Latin America. J Phys Act Heal. 2010;7(Suppl 2):S131-4. DOI: https://doi.org/10.1123/jpah.7.s2.s131
Couto ACP, Scopel AJSG, Abade NSN, Couto MA. Programa Academias a Céu Aberto: uma relação da gestão e do uso desse equipamento esportivo pela comunidade de Belo Horizonte, MG, Brasil. Lect Educ Física Y Deport. 2015;20(209).
Iepsen A, Silva M. Perfil dos frequentadores das academias ao ar livre da cidade de Pelotas - RS. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2015;20(4):413. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.20n4p413
Zanoni E. Utilização da Academia ao Ar Livre em região oeste de Belo Horizonte como forma de obtenção de saúde. Ciência Contemp. 2017;1(2):97-105.
Matos JAV. Modo de vida e a prática de atividade física em academia a céu aberto: relações e contradições. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2014.
Guzzo Junior CCE, Silva WLA. Academias ao Ar Livre em Castanhal, uma Opção de Lazer e Convívio Social? LICERE - Rev Do Programa Pós-graduação Interdiscip em Estud do Lazer. 2019;22(4):137-58. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.16264
King AC, Whitt-Glover MC, Marquez DX, Buman MP, Napolitano MA, Jakicic J, Fulton JE, Tennant BL; 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee. Physical Activity Promotion: Highlights from the 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee Systematic Review. Med Sci Sports Exerc. 2019;51(6):1340-53. DOI: https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001945
Fernandes AP, Andrade ACS, Ramos CGC, Friche AAL, Dias MAS, Xavier CC, et al. Leisure-time physical activity in the vicinity of Academias da Cidade Program in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil: the impact of a health promotion program on the community. Cad Saúde Pública. 2015;31(suppl 1):s195-207. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00104514
Teixeira DMD, Martins-Costa HC, Andrade DC, Fernandes AP, Marques AP, Vidigal JMS. Relato do encontro de secretarias estaduais de Minas Gerais e municipais de Belo Horizonte vinculadas à área de atividade física e saúde. Brazilian J Dev. 2021;7(9):88005-15. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n9-114