Resumo
Introdução: A promoção da atividade física tem sido foco na área da saúde, devido ao aumento de doenças relacionadas ao sedentarismo. A criação e melhoria no acesso a locais recreativos têm sido sugeridas como estratégias para aumentar os níveis de atividade física na população. No Brasil, parques e praças são locais públicos, com estruturas e características em potencial à prática de atividades físicas. Estudos sobre fatores individuais e ambientais associados a freqüência de utilização e maiores níveis de atividade física são escassos no Brasil. Objetivo: Analisar a relação entre a qualidade do ambiente de parques e praças da cidade de Curitiba com a freqüência de uso e atividade física dos usuários. Metodologia: Oito parques e praças com instalações foram selecionados a partir de bairros com diversidade de condição sócio-econômica e potencial de acesso à locais para a prática de atividades físicas. O potencial de acesso foi calculado a partir da relação entre tamanho, extensão e a quantidade de instalações para a prática de atividades físicas, pela área de cada bairro, sendo corrigidos pelo número de habitantes. Em seguida os bairros foram classificados pela sua renda média. O Cruzamento entre os tercis destes indicadores permitiu classificar os bairros em baixa, média e alta qualidade de ambiente para atividade física e condição econômica. Foram realizadas entrevistas com os usuários, através do questionário traduzido de Cohen, e avaliações do ambiente nos oito parques e praças selecionados, através do BRAT-Do. As características dos usuários foram analisadas através de estatística descritiva (freqüência absoluta e relativa). O teste X2 foi utilizado para verificar a diferença entre o perfil dos usuários de parques e praças, e verificar a associação da qualidade do ambiente com a as características, frequência de utilização e NAF dos usuários. Resultados: Predominaram entre os usuários dos parques e praças, homens (59,9%), pessoas com ensino superior (54,4%), faixa etária entre 18 e 39 anos (58,6%), e pessoas ativas (61,3%). As atividades mais realizadas em parques e praças foram caminhada (46,6%), alongamento (32,0%) e corrida (21,8%), com diferenças em outras atividades relatadas devido à estrutura presente. Os motivos de uso mais relatados pelos freqüentadores de parques e praças foram a distância de casa (58,3%), beleza do local (33,2%), e estruturas e equipamentos (26,6%). Os motivos relatados diferem entre os locais. Enquanto usuários de parques frequentam parques pela beleza (44,6%) e estacionamento presente (9,2%), os de praças frequentam pela distância do local (62,3%), estrutura e equipamentos (31,6%), e segurança (26,5%). A medida que o potencial de qualidade de ambiente aumenta, maior é a proporção de mulheres (baixo ambiente= 15,2%; médio ambiente= 36,4%; alto ambiente= 49,2%), pessoas mais velhas (baixo ambiente= 4,3%; médio ambiente= 7,9%; alto ambiente= 16,7%), escolarizadas (baixo ambiente= 17,4%; médio ambiente= 51,2%; alto ambiente= 66,2%) e frequência de utilização (baixo ambiente= 55,4%; médio ambiente= 63,9%; alto ambiente= 74,6%). Não foi encontrada uma tendência de pessoas ativas nos locais com melhor qualidade de ambiente (baixo ambiente= 82,6%; médio ambiente= 69,1%; alto ambiente= 82,8%). Conclusão: As estruturas e características presentes em parques e praças atraem mais homens, adultos jovens, e pessoas com maior escolaridade. A qualidade do ambiente esta associada com a freqüência de utilização. Sugerem-se políticas públicas para melhorar e manter ambientes de parques e praças para atrair mais mulheres, pessoas de outras faixas etárias e principalmente pessoas com menor escolaridade e condição econômica.