Resumo

O objetivo deste estudo foi descrever e comparar o desempenho motor de crianças da cidade de Poços de Caldas, no início da escolarização, considerando os fatores nível sócio-econômico (NSE baixo e médio) e sexo; procurou verificar possíveis diferenças ou semelhanças no desenvolvimento motor de crianças na faixa etária de 5 a 6 anos. Foram avaliadas 80 crianças, divididas em dois grupos: 40 do sexo masculino, sendo que 20 de classe sócio-econômica baixa e 20 de classe média, e 40 do sexo feminino, divididas do mesmo modo. Os dados foram coletados no último trimestre de 1991, através de um instrumento de avaliação psicomotora elaborado, com crianças que haviam ingressado na pré-escola, no referido ano. Foram consideradas 5 áreas de desenvolvimento psicomotor apontadas pela literatura e respectivas sub-áreas, num total de 26 provas. As áreas estudadas foram: A) Coordenação (Global, Motora-Fina, Óculo-Manual, Controle Visual, Coordenação Olhos – Pés e Dissociação); B) Equilíbrio (Estático, Dinâmico); C) Esquema Corporal (Controle Tônico e Alternância Deslocamento – Relaxamento) D) Orientação Espacial (Reprodução das Estruturas Espaciais, Estruturas Gráficas Elementares e Bilateralidade); E) Orientação Temporal (Ritmo, Velocidade e Reprodução de Estruturas Rítmicas). O estudo teve como fundamentação teórica a psicologia do desenvolvimento de GESELL (1977), a taxionomia do domínio psicomotor da ANITA RARROW (1980). A análise dos dados, realizada pela Empresa Júnior do IMECC – UNICAMP, foi conduzida em duas etapas. Primeiramente, utilizou-se o Teste QUI – Quadrado e o Teste Exato de Fisher, para verificar as associações entre o desempenho motor e os fatores nível sócio-econômico e sexo. Em uma segunda etapa, aplicou-se nas 26 provas, a Análise de Correspondência, para verificar graficamente com quais categorias os fatores envolvidos no estudo (sexo e nível sócio-econômico) estavam associadas. Os resultados apontam uma associação positiva entre o desempenho "Realiza" e as crianças de NSE médio. Já as de nível sócio-econômico baixo tiveram melhor desempenho apenas nas provas de equilíbrio, bilateralidade e coordenação óculo-manual. Observou-se também que o desempenho destas crianças foi significativamente superior nas provas que envolviam o uso da bola (lançar, agarrar e chutar) além de prova que envolvia o equilíbrio. As crianças do sexo feminino e NSE médio destacaram-se no desempenho motor em relação às crianças do sexo masculino. Através deste estudo, portanto, verificou-se uma associação entre NSE médio e um desempenho motor superior em relação ao NSE baixo; entretanto, não se pode concluir que essas crianças não apresentaram um bom desempenho motor, dado que em algumas provas elas se destacaram e, em outras, tiveram desempenho semelhante ao das crianças de NSE médio. Tais resultados sugerem que a escola pode possibilitar experiências que facilitem o desenvolvimento motor, permitindo a criança o pleno conhecimento de seu esquema corporal, o seu ajustamento no tempo e no espaço, num ambiente adequado e estimulador.

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