Resumo

Este trabalho apresenta três estudos, fazendo uma comparação entre a "Escala AVC" (Kerr, Meyerson e Flora, 1977) e o "Guia Portage de Educação Pré-Escolar" (Bluma, Shearer, Frohman e Hilliarad, 1976) e delineando as implicações, desta comparação, para a programação de atividades pré-escolares de crianças excepcionais. A necessidade de um currículo, específico e operacionalizado segundo a Análise Experimental do Comportamento, para crianças excepcionais levou a adoção do Inventário Portage em uma sala de aula experimental da APAE de São Carlos. Entretanto, apesar deste Inventário ser operacionalizado e mostrar-se útil como guia para derivar atividades, verificou-se que, por si só, ele não era suficiente para a programação de treinos. Uma análise mais refinada, em termos de, por exemplo, quais discriminações seriam necessárias para realizar cada item, ajudaria na programação de mini-aulas. Neste sentido, discute-se a escala AVC, uma escala proposta para analisar as discriminações básicas, presentes no repertório de uma criança através de seis tarefas. Com base nas informações disponíveis na literatura da escala AVC, fez-se uma primeira tentativa de classificar os itens das áreas de linguagem e cognição do Portage, de acordo com os níveis de discriminação desta escala. Os resultados indicam que muitos itens não apresentados pelas 7 crianças deste estudo, na avaliação do Inventário Portage, exigem discriminações de níveis acima daquele obtido, por elas, na escala AVC. Quando os itens do Guia Portage foram prescritos e treinados utilizando-se a programação típica de passo por passo e métodos de treinamento operante, muitos itens que requeriam níveis de discriminações AVC mais altos do que aqueles anteriormente apresentados pelos sujeitos foram aprendidos, embora com taxas mais lentas que os itens que requeriam discriminações já presentes no repertório dos sujeitos. A presença de passos no treinamento tanto quanto o controle sobre o responder do sujeito a dicas visuais irrelantes dadas pelos professores foram discutidas como uma possível explicação desses resultados. Finalmente são discutidos a adequação dos procedimentos da AVC para a classificação de níveis de discriminação e as implicações de dicas irrelevantes nos procedimentos de ensino para crianças.

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