Resumo

Com o avançar da idade, observa-se mudança considerável da composição corporal, caracterizada sobretudo por acúmulo de massa gorda. A obesidade apresenta elevada prevalência em todo o mundo e está associada a um elevado índice de mortalidade, provavelmente mediado por seus efeitos em uma ampla gama de doenças crônicas, como câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios musculoesqueléticos. Nesse sentido, o objetivo geral dessa tese foi investigar a associação entre obesidade e ocorrência quedas em indivíduos idosos. Para tanto, foi conduzida uma revisão sistemática com metanálise, um estudo transversal e dois estudos de coorte. Para sumarizar as evidências prévias, uma revisão sistemática e metanálise foi conduzida e reportada no Capítulo 2. Foram realizadas buscas nas bases de dados MEDLINE, Embase, CINAHL, PsycINFO, SPORTDiscus, LILACS e Web of Science para identificar estudos observacionais que avaliaram a associação entre obesidade e desfechos relacionados a quedas em indivíduos com idade superior a 60 anos. Dois revisores independentes efetuaram a extração dos dados e a análise da qualidade dos estudos. Os riscos relativos (RR) e os intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram agrupados utilizando metanálises de efeito randômico. Trinta e um estudos, incluindo um total de 1.758.694 participantes, foram selecionados a partir de 7.815 referências. As estimativas agrupadas demonstraram que idosos obesos possuem um risco de quedas aumentado quando comparados com os seus pares de peso normal (24 estudos; RR: 1,16; IC 95%: 1,07-1,26; I²: 90%). A obesidade também foi relacionada a um risco aumentado de quedas múltiplas (quatro estudos; RR: 1.18; IC 95%: 1.08-1.29; I²: 0%). Não houve evidência, contudo, de associação com lesões relacionadas a quedas (sete estudos; RR: 1.04; IC 95%: 0.92-1.18; I²: 65%). A ocorrência de fraturas foi reportada em apenas um estudo, o qual demonstrou um menor risco de fraturas de quadril relacionado a obesidade (Odds Ratio: 0.65; IC 95%: 0.63-0.68). Apesar da revisão sistemática e metanálise fornecer evidências consistentes de que a obesidade aumenta o risco de quedas, nenhum dos estudos incluídos havia examinado qual seria o melhor índice de adiposidade corporal para predizer tais eventos. Sendo assim, o objetivo do estudo transversal apresentado no Capítulo 3 foi investigar a associação entre medidas de adiposidade corporal, equilíbrio postural, medo de cair e risco de quedas em mulheres idosas. Cento e quarenta e sete participantes foram submetidas à avaliação da composição corporal por meio da absorciometria por dupla emissão de raios X e à avaliação do índice de massa corporal, circunferência da cintura e índice de adiposidade corporal. O equilíbrio postural foi mensurado utilizando uma plataforma de força, enquanto o medo de cair e o risco de quedas foram avaliados pela Escala de Eficácia de Quedas – Internacional e pelo QuickScreen© Clinical Falls Risk Assessment, respectivamente. Todas os índices de adiposidade foram correlacionados com pelo menos um parâmetro de estabilidade postural e com o medo de cair (ρ= 0,163, p< 0,05 a r= 0,337, p< 0,001); no entanto, a circunferência da cintura foi o índice mais fortemente correlacionado ao risco de quedas (ρ = 0,325; p <0,001). Quando a obesidade foi classificada de acordo com a circunferência da cintura, observou-se que, em comparação às participantes não-obesas (n= 51), as obesas (n= 96) exibiram maior deslocamento do centro de pressão nas direções anteroposterior e mediolateral, principalmente nas condições com os pés afastados (p< 0,05).

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