Resumo
A obesidade promove alterações na função pulmonar devido ao excesso de tecido adiposo na região tóraco-abdominal, levando a redução de volumes pulmonares bem como alterando a mecânica dos músculos respiratórios. Desta forma o objetivo deste estudo foi avaliar a função pulmonar de mulheres com obesidade mórbida e comparar com a função pulmonar de mulheres eutróficas; correlacionar volumes pulmonares com as características antropométricas; avaliar e comparar a força muscular respiratória (FMR) de obesas mórbidas com os valores preditos por diferentes equações matemáticas encontradas na literatura. Trata-se de um estudo transversal composto de 60 mulheres adultas, divididas em 2 grupos: 30 mulheres com obesidade mórbida (IMC≥40 Kg/m²) e um grupo controle composto por 30 mulheres eutróficas (IMC entre 18,5 e 24,9 Kg/m²). Foram realizadas avaliações das características antropométricas, dos volumes e capacidades pulmonares através da espirometria e da força muscular respiratória por meio das pressões respiratórias máximas utilizando-se um manovacuômetro. Foi utilizado o teste de Shapiro Wilk, teste t- Student, Mann- Whitney, Friedmam, ANOVA medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni, correlação de Pearson ou Spearman. Em relação à idade, estatura e nível de atividade física os dois grupos apresentaram resultados semelhantes (p>0,05). O volume de reserva expiratório (VRE) foi significativamente menor nas obesas (0,39±0,31L) em comparação as eutróficas (0,85±0,35L), com aumento significativo do volume de reserva inspiratório (VRI) e da capacidade inspiratória nas obesas (p<0,05). Os valores do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) em porcentagem do predito e em valores absolutos foram significativamente menores nas obesas mórbidas em comparacão as eutróficas (p<0,05). Não foram observadas diferenças nos valores na capacidade vital forçada (CVF), capacidade vital lenta (CVL), e razão VEF1/CVF entre os grupos. Observou-se correlação negativa entre a massa corporal, IMC, circunferência da cintura (CC), relação cintura quadril (RC/Q) e circunferência do pescoço (CP) com o VRE respectivamente (r=- 0,3757, -0,4112, -0,4771,-0,03456, -0,5145). As obesas apresentaram aumento significativo nos valores obtidos de PImáx (87,83±21,40) em comparação as eutróficas (72±15,23) e redução significativa da PImáx (-85,83±21,40 cmH2O) segundo os valores previstos pela equação EHarik (-130,71±11,98 cmH2O ). Quanto a PEmáx não houve diferenças nos valores obtidos entre os grupos (p>0,05). Não foram observadas concordâncias dos valores obtidos e previstos de PEmáx segundo as equações ENeder e ECosta. Os resultados deste estudo mostram que as obesas mórbidas apresentaram diminuição do VRE e do VEF1 e aumento do VRI e da CI em relação às eutróficas. Em relação à força muscular respiratória as obesas mórbidas apresentaram aumento da força muscular inspiratória em relação às eutróficas. A equação mais apropriada para calcular os valores previstos de obesas mórbidas para a PImáx é a de Harik –Khan et al. (1998). Por meio desse cálculo as obesas mórbidas apresentam redução da força muscular inspiratória. As equações propostas para o cálculo da força muscular expiratória das obesas mórbidas foram inconclusivas.