Resumo

Dado o pequeno número de estudos sobre o uso de bebidas energéticas, este trabalho teve por objetivo a avaliação do padrão de uso destas bebidas, considerando-se também sua ingestão com bebidas alcoólicas. Além disso, foram comparados os efeitos da ingestão isolada de álcool com os da sua ingestão em combinação com bebidas energéticas. Para tanto, foram realizados dois estudos. No primeiro, 136 usuários habituais de bebidas energéticas, que contém taurina e cafeína, responderam a uma entrevista para avaliar as principais características do uso destas bebidas. A maioria dos usuários de bebidas energéticas (76%) relata usá-las em combinação com bebidas alcoólicas, preferencialmente destiladas como uísque (60%) e vodka (25%). Além disso, 79% da amostra relatou usar bebidas energéticas de modo isolado, sendo que neste caso 46% relataram não sentir nada diferente após sua ingestão. Daqueles que relataram uso combinado, descontados os efeitos do álcool, 9% relataram não sentir nada diferente, 24% alegria, 19% euforia, 17% desinibição, 16% aumento do vigor físico e 7% insônia. No segundo estudo, 26 voluntários com 233 anos, índice de massa corporal de 22,71,6 kg/m2 e escolaridade de 131 anos, foram alocados aleatoriamente em dois grupos caracterizados pela dose de álcool ingerida (0,6 ou 1,0 g/kg). Eles foram submetidos inicialmente a uma sessão controle, sob o mesmo protocolo das sessões experimentais, que teve como finalidade a aprendizagem dos testes e a redução do efeito novidade. Posteriormente, foram submetidos a 3 sessões de testes, em esquema de duplo anonimato, nas quais ingeriram: somente bebida energética, somente álcool ou álcool com bebida energética. RESULTADOS: A ingestão de uma dose de bebidas energéticas (3,57 ml/kg) não alterou de forma importante a alcoolemia ou a percepção subjetiva dos efeitos do doses de álcool provocaram prejuízos no desempenho psicomotor e alterações no estado de humor, e a ingestão de uma dose de bebida energética provocou discreta redução destes efeitos, especialmente no grupo que ingeriu 1,0 g/kg de álcool. Observou-se também redução de alguns dos álcool. As duas efeitos prejudiciais do álcool nos testes de memória imediata e no estado de humor, avaliado pelo POMS, após a ingestão combinada com bebida energética. As variações na freqüência cardíaca e na pressão arterial média foram semelhantes nas sessões com ingestão isolada de álcool e de álcool com bebida energética. O grupo 0,6 g/kg apresentou menor freqüência cardíaca 15 minutos após a ingestão combinada do que no mesmo momento da sessão em que recebeu apenas álcool. O grupo 1,0 g/kg apresentou maior pressão arterial 30 minutos após a ingestão combinada em relação à ingestão de álcool apenas. Embora a análise dos dados do questionário tenha indicado que as bebidas energéticas são utilizadas por alguns consumidores para potencializar os efeitos excitatórios e/ou reduzir os efeitos depressores do álcool, estes efeitos não foram totalmente confirmados nos testes realizados com voluntários, considerando-se as doses de álcool e de bebidas energéticas administradas.

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