Resumo

Vários estudos têm demonstrado que o chá verde tem uma alta quantidade de flavonóides conhecidos como catequinas, capazes de promover a diminuição de gordura corporal e auxiliar na prevenção e tratamento de obesidade e de doenças associadas, como as cardiovasculares. Por outro lado, alguns pesquisadores apontam que o consumo elevado de chá verde pode desencadear uma elevada atividade simpática, a qual está relacionada à gênese e à manutenção da hipertensão arterial, sendo também associada a diversas conturbações cardiovasculares. Embora a literatura forneça evidências de que o chá verde e o exercício físico são importantes para um bom funcionamento do sistema cardiovascular, até o momento poucos estudos nessa área têm sido realizados que avaliem os efeitos da associação entre chá verde e treinamento físico na função autonômica cardiovascular. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da administração de chá verde aliado ao treinamento físico sobre a modulação autonômica cardiovascular em ratos Wistar. Para isso, os animais foram distribuídos em quatro grupos: grupo controle sedentário (CONsed, n=10), grupo controle treinado (CONtre, n=08), grupo chá verde sedentário (CHÁsed, n=16) e grupo chá verde treinado (CHÁtre, n=09). Foram administrados 02 gramas do vegetal de chá verde diluído em 1 litro de água (método de infusão) e o treinamento físico foi por natação (incrementando volume e intensidade). Depois de oito semanas de protocolo, foram avaliados os níveis basais da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA), o tônus autonômico cardíaco, a variabilidade da FC (VFC), da PA sistólica (VPAS) e diastólica (VPAD) e o peso cardíaco relativo. Para todos os resultados utilizou-se nível de significância de 5%. Não foi observada diferença do peso corporal entre todos os grupos de animas durante as semanas de treinamento físico. Os animais dos grupos CONtre, CHÁsed e CHÁtre exibiram uma bradicardia de repouso compara ao CONsed. O chá verde foi capaz de reduzir os níveis basais da PA nos grupos CHÁsed e CHÁtre, assim como, um aumento da VFC no domínio do tempo e do componente espectral da banda de alta frequência (HF) no domínio da frequência. Por outro lado, o chá verde reduziu a variabilidade da PAS, da PAD e da modulação autonômica simpática. Os animais dos grupos CONtre e CHÁsed apresentaram um tônus autonômico cardíaco reduzido. Ambos os grupos de animais que receberam chá verde tiveram um menor peso cardíaco, tanto absoluto quanto relativo. Sumarizando, nossos resultados sugerem que a administração crônica de chá verde pode proporcionar uma alteração autonômica cardiovascular em ratos Wistar, marcada pelo aumento na atividade parassimpática sobre o coração. Nossos dados indicam ainda que as estratégias não farmacológicas, como o exercício físico e o chá verde, são eficazes, entretanto, podem não resultar em soma de efeitos autonômicos cardiovasculares.

Acessar Arquivo