Resumo
Procurando-se verificar a validade de equações preditivas de componentes corporais, avaliou-se três grupos de atletas com adaptação ao meio líquido (nadadores de provas de velocidade, triatletas e jogadores de polo aquático). Calculou-se a correlação, o erro padrão de estimativa (conforme proposta de LOHMAN, 1981), e teste t de student (amostras relacionadas) entre os valores obtidos pelas equações antropométricas preditivas de percentual de gordura corporal e o método considerado padrão (Pesagem Hidrostática) convertido em percentual de gordura através da fórmula proposta por BROZEK (1963). Das 30 equações analisadas, apenas três mostraram consistência em seus resultados para todos os grupos: a) BEHNKE & WILMORE (1966), uma equação generalizada, recebe críticas pelo fato de possuir apenas um ponto anatômico como referência; b) FAULKNER (1968), como esperado pois o grupo da qual tal equação foi extraída era bastante similar ao avaliado, tem como inconveniente ser linear diminuindo sua validade externa, ou seja, dificulta extrapolações para grupos com características diferentes do seu grupo de origem; e c) JACKSON & POLLOCK (1978), uma equação quadrática, generalizada, que leva em consideração sete dobras cutâneas e dois perímetros além de correção pela idade. Estas equações entretanto, assim como as demais, mostraram baixos valores de correlação quando o percentual de gordura é baixo (grupo composto pelos indivíduos com menor percentual de gordura) não tendo poder discriminativo neste caso. Alguns índices corporais, como somatória de dobras cutâneas (S8e S5T), mostraram-se altamente correlacionados com os valores obtidos na Pesagem Hidrostática, sendo uma opção atraente de avaliação, tendo como inconveniente a difícil interpretação de seus valores. A proporcionalidade é uma outra técnica que a partir de dados antropométricos permite fracionar o corpo em quatro compartimentos. Ao se comparar os resultados obtidos por esta técnica com o de equações validadas por análises diretas, verifica-se que seus valores são significativamente diferentes. Embora esta técnica tenha atrativos, é recomendável que o avaliador conheça suas limitações e não compare os resultados obtidos por ela com o de outras equações. Ao se comparar os grupos entre si (Análise de Variância a um Fator), ao contrário da hipótese original do pesquisador, não se encontrou diferenças significativas a partir da pesagem hidrostática. Os resultados quando comparados com os valores da literatura (test t de student para amostras independentes) também não mostraram diferenças significativas. A principal limitação deste estudo é ter predito o valor do volume residual (o que talvez explicasse elevados erros padrão de estimativa nas equações preditivas). Por último, o pesquisador ressalta que uma escolha inadequada de equação preditiva pode trazer resultados conflitantes com prejuízos para o avaliado.