Resumo

Muitos autores têm estudado o efeito agudo do exercício físico sobre a função ventricular esquerda. Entretanto, existem poucos dados relacionando o impacto metabólico do exercício sobre a função ventricular. Os objetivos desta investigação foram: 1- estudar o efeito do impacto metabólico provocado pelo exercício físico dinâmico na função ventricular esquerda; e 2- estudar o efeito do treinamento físico sobre a função ventricular esquerda no repouso (Rep), no limiar anaeróbico (LAn) e no pico do exercício (PE) no homem. Doze sedentários sadios (S, 30 ± 3 anos) e treze treinados sadios (T, 26 ± 4 anos) submeteram-se à ecodopplercardiografia de repouso e à cintilografia sincronizada das câmaras cardíacas, no repouso e durante exercício; em cicloergômetro na posição semi-sentada, com incrementos de carga de 25 W a cada seis minutos até a exaustão. Foram utilizadas análises de variância de dois caminhos para medidas repetidas e comparações post-hoc de Scheffé. A fração de ejeção aumentou significativamente no LAn e no PE em relação ao Rep (80 ± 5,3; 83,6 ± 5,5 vs. 66 ± 5,9%, respectivamente), mas não foi observada diferença significativa entre os grupos. A contagem diastólica máxima diminuiu em ambos os grupos no LAn (S = -9,1 ± 12,6; T = -7,3 ± 17,8%) e no PE (S= -14,1 ± 12,8; T = -7,7 ± 23,7%). A contagem sistólica mínima diminuiu significativamente no LAn (S = -41,1 ± 15,4; T = -46,1 ± 17%) e no PE (S= -50,5 ± 15,3; T = -55,2 ± 19,7%), mas não foi observada diferença significativa entre os grupos. O volume diastólico final, no repouso, foi significativamente maior no grupo T que no grupo S (153,5 ± 33,3 vs. 123,3 ± 26,4 ml). O volume sistólico final, no repouso, não foi estatisticamente diferente entre os grupos (S = 31,3 ± 7,7 vs. T = 36,3 ± 9,4 ml). O volume sistólico, no repouso, foi significativamente maior no grupo T que no grupo S (117,2 ± 30,7 vs. 92,1 ± 20,1 ml). Em conclusão: 1- a fração de ejeção aumentou significativamente mesmo após o LAn; 2- o treinamento físico não modificou o comportamento da fração de ejeção no Rep, LAn e PE; e 3- o volume diastólico final, no repouso, determinou o maior volume sistólico no T e este comportamento é mantido durante o exercício físico.

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