Integra

INTRODUÇÃO:

O movimento de preensão manual caracteriza-se como o ato de agarrar ou segurar um objeto. O teste de força de preensão palmar auxilia no delineamento de disfunções clínicas, no planejamento do tratamento e nas evoluções durante o processo de reabilitação, bem como na avaliação do desempenho e prescrição de treinamento esportivo. Diversos fatores podem influenciar no desempenho do teste de força de preensão máxima: fisiológicos, biomecânicos, antropométricos, ou características intrínsecas do indivíduo, tais como: idade, sexo e dominância da mão. Entretanto, existem divergências na literatura quanto ao uso de uma metodologia adequada para a normalização dos dados de força de preensão manual, em relação às dimensões antropométricas dos membros superiores. Considerando estes aspectos, o presente estudo teve por objetivo a análise da correlação entre variáveis antropométricas de membro superior com o desempenho no teste de força de preensão máxima em mulheres que não possuíssem disfunção músculo-esquelética, de forma a contribuir na elaboração de uma metodologia da normalização da força de preensão manual.


 METODOLOGIA:

Foram selecionados 45 sujeitos do sexo feminino, que não possuíssem qualquer disfunção músculo-esquelética nos membros superiores. A média de idade dos sujeitos foi de 20,2±1,8 anos. Todos os sujeitos foram avaliados somente no membro superior dominante. A posição dos sujeitos durante a avaliação de força foi baseado no protocolo da Sociedade Americana de Terapia da Mão: o sujeito permanece sentado com o cotovelo apoiado sobre a mesa mantendo um ângulo de 90º. A empunhadura do dinamômetro com antebraço é mantido em meia pronação e punho neutro, podendo ser movimentado até 30° graus de extensão. Realizou-se 3 contrações isométricas de 10s cada, com um intervalo de descanso de 30s entre as séries de contração. Foi interpretada como força máxima, a média do maior valor de força medido em cada uma das três repetições. As medidas antropométricas realizadas foram: massa corporal; estatura; comprimento de braço e antebraço; perimetria do terço distal e proximal do antebraço; perimetria de braço; largura palmar na linha das articulações metacarpofalangeanas (L1) e ao nível da articulação carpometacarpiana do polegar (L2); comprimento desde a linha do pisiforme da mão até a ponta do dedo médio (C1); comprimento desde a linha do pisiforme da mão até a articulação metacarpofalangeana do dedo médio (C2). A verificação da normalidade dos dados foi através do teste de Shapiro-Wilk e a análise da correlação entre variáveis foi através dos testes de Spearman e Pearson.


 RESULTADOS:

Apenas a variável C2 não obteve distribuição normal. As variáveis L1, L2, C1, comprimento de antebraço e perimetria do terço proximal e distal do antebraço mostraram uma correlação linear (Pearson) estatisticamente significativa a um nível de significância de 5%. Dentre estas, apenas a variável C1 apresentou valores de correlação acima de 0,4. As variáveis L1, L2, comprimento e perimetria do terço proximal do antebraço apresentaram valores do coeficiente de correlação entre 0,3 e 0,4. As demais variáveis apresentaram valores de correlação muito baixos. A variável C2 apresentou valor de correlação de Spearman acima de 0,4.


 CONCLUSÕES:

Dentre os resultados obtidos, não foi possível observar valores de correlação linear muito alto (r<0,5) entre as variáveis antropométricas e a força de preensão, o que sugere que uma análise mais detalhada da função de correlação entre variáveis antropométricas e força de preensão deve ser realizada, bem como a utilização de uma amostra de maior tamanho (banco de dados) que permita a elaborar uma metodologia adequada para a normalização dos dados de força de preensão manual. Neste estudo preliminar, foi possível observar que entre as variáveis, algumas apresentaram maiores valores de correlação linear. As variáveis C1 e C2 podem estar associadas à mecânica muscular na ação da preensão palmar, onde a exigência dos músculos flexores extrínsecos é maior. Neste caso os indivíduos com dedos e mãos mais longos tenderiam a apresentar maiores valores de força. Já as variáveis L1 e L2, estariam relacionadas ao biotipo dos indivíduos, onde aqueles com uma propensão ao desenvolvimento da força muscular possuiriam constituições ósseas mais robustas (por exemplo, a região da articulação metacarpofalangeana). Além disto, valores de largura da palma da mão maiores proporcionariam uma melhor acomodação ao dinamometro. As variáveis de comprimento de antebraço e perímetro do terço proximal podem estar relacionadas também ao tamanho da musculatura envolvida. Valores altos da perimetria de antebraço sugerem uma seção transversa da musculatura maior o que proporcionaria maiores valores de força.