Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento motor de crianças de 8 a 9 anos que foram originalmente avaliadas aos 06 e 24 meses de idade quando frequentavam as creches municipais de Florianópolis, em 2002. Trata-se de uma pesquisa descritiva de desenvolvimento, sob análise longitudinal de 145 escolares matriculados no 4º e 5º ano de 40 escolas da rede pública e privada de Florianópolis/SC, realizada no período de março a dezembro de 2010. Em 2002, na pesquisa de Souza (2003), as crianças foram avaliadas através da Escala de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância de Brunet e Lézine (1981), obtendo-se suas idades e quocientes de desenvolvimento global nas áreas postural, oculomotriz, da linguagem e social. Em 2010, o instrumento utilizado para avaliar o desenvolvimento motor dos escolares foi a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (ROSA NETO, 2002), que avalia as áreas da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e a lateralidade, obtendo-se também as idades e quocientes motores dessas subáreas. Para descrever os participantes, foi realizada uma entrevista sobre hábitos de vida. Também como instrumento, foi utilizado um questionário biopsicossocial direcionado aos pais das crianças cujo desenvolvimento motor foi classificado como “inferior”, de risco. Foi realizada também entrevista com as professoras de sala, para a obtenção de informações a respeito do rendimento escolar desses escolares. A análise estatística dos dados foi descritiva nos casos de apresentação dos dados obtidos, e inferencial, através da Correlação de Pearson e testes de Mann-Whitney quando relações entre as variáveis se fizeram necessárias. Os principais resultados demonstram uma diminuição dos padrões de desenvolvimento motor “superior”, “normal alto” e “normal médio”, e um aumento dos padrões “normal baixo” e ”inferior” no transcurso desses anos. Foi verificada uma correlação positiva “baixa” nos dois momentos para todas as variáveis analisadas. De modo geral, podemos verificar que 80,6 % crianças apresentaram desenvolvimento motor dentro dos parâmetros de normalidade no período lactente e 87,5% no período escolar. Dezoito escolares (12%) apresentaram desenvolvimento “inferior” de acordo com a EDM, sendo que desses, dezessete apresentaram queixas de dificuldades na aprendizagem, e consideráveis fatores de risco biológicos e sociais. Quanto aos projetos sociais, os dados demonstraram vantagens no desenvolvimento motor daquelas crianças participantes de projetos socioeducacional e um desempenho ainda maior e significativo nas crianças que participavam de projetos de caráter socioesportivo, tanto no quociente motor geral, quanto em quatro das seis áreas especificas do desenvolvimento, quando comparados às crianças que não frequentavam projetos sociais. Conclui-se que apesar de tantos fatores intervenientes, os escolares conseguiram manter um padrão de desenvolvimento normal, mostrando que, de um modo geral, o desenvolvimento parece ser influenciado por uma somatória de fatores, alguns dos quais abordados nessa pesquisa, porém com muitos outros que não foram verificados.