Estudo Longitudinal- Tracking de 4 Anos - da Aptidão Física de Mulheres da Maioridade Fisicamente Ativas
Por Sandra Marcela Mahecha Matsudo (Autor), Rosangela Villa Marin (Autor), Marcela Telles Ferreira (Autor), Victor Keihan Rodrigues Matsudo (Autor), Timoteo Leandro Araujo (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 12, n 3, 2004. Da página 47 a 52
Resumo
Poucos estudos longitudinais têm sido feitos, especialmente em países em desenvolvimento, para analisar o impacto do envelhecimento na aptidão física e capacidade funcional. O objetivo deste estudo foi determinar a evolução do perfil antropométrico e neuromotor da aptidão física de mulheres ativas maiores de 50 anos de idade em um período de quatro anos (1997-2001). Este estudo é parte do Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Física de São Caetano do Sul. A amostra foi composta por 82 mulheres de 50 a 82 anos de idade (x: 68,9 ± 6,6 anos) participantes de um programa de exercícios aeróbicos, duas vezes por semana, 50 minutos por sessão durante 5,1 ± 4,2 anos em um centro da terceira idade. As variáveis antropometricas mensuradas foram: peso corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC), dobras cutâneas (tríceps, subescapular e suprailiaca), circunferências de braço (CB) e perna(CP), assim como de cintura e quadril, e relação cintura/quadril. Os testes neuromotores incluíram: força muscular dos membros inferiores (impulsão vertical) e superiores (dinamometria manual) e flexibilidade do tronco. A análise statística utilizada foi o teste de hipótese para amostras dependentes, a correlação linear de Pearson e o delta percentual. O nível de significância adotado foi de p<0,01. Os resultados mostraram diminuição significativa da adiposidade (- 9,5%) após 4 anos. No entanto as outras variáveis antropométricas não apresentaram nenhuma diferença significativa em relação aos dados de base. Em relação ao perfil neuromotor houve um aumento significativo da flexibilidade (12,7%) e diminuição significativa da força muscular de membros inferiores (-22,0%), embora não houve mudanças na força de membros superiores (1,8%). Também não houve alterações das CB e CP (0,7%) após 4 anos. Não houve associação entre a força muscular de membros superiores e inferiores com a evolução das CB e CP respectivamente. Os resultados sugerem que um programa de atividade física (AF) regular contribui para reduzir a adiposidade, ou pelo menos manter as variáveis antropométricas que usualmente são afetadas negativamente pelo envelhecimento. A AF regular também parece promover a flexibilidade e a manutenção da força muscular de membros superiores, mas parece não prevenir a perda da força dos membros inferiores que comumente acontece com a idade. PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento, aptidão física, atividade física, capacidade funcional, estudo longitudinal.