Estudo da Relação Entre o índice de Massa Corporal e Percentagem de Massa Gorda com a Capacidade Funcional de Adultos Jovens
Por Rui Garganta (Autor), José Maia (Autor), André Seabra (Autor), Simonete Silva (Autor), Alcibiades Bustamante Valdivia (Autor), Rogério César Fermino (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Introdução: o estudo do sobrepeso e obesidade apresenta grande actualidade pela
respectiva associação aos factores de risco cárdio-vasculares. No entanto, de acordo
com BLAIR et al. (1995) indivíduos com boa aptidão física apresentam taxas mais
baixas de morbilidade e mortalidade, independentemente do seu IMC. O objectivo
desta pesquisa é estudar a relação entre diferentes valores do índice de massa corporal
(IMC) e da percentagem de massa gorda (% MG) e a capacidade funcional de
adultos jovens. Material e método: a amostra é constituída por 1722 adultos jovens
de ambos os sexos, frequentadores de health clubs. Avaliação da capacidade funcional:
1) Teste da Milha em tapete rolante; 2) sit and reach; 3) teste de supino plano; e 4)
curl up. A estimativa de % MG foi realizada através das pregas de adiposidade
subcutânea. Todos os resultados foram analisados em SPSS 13.0. Resultados:
VO2máx.: nem o IMC nem a % MG revelaram qualquer influência na expressão
deste indicador. Flexibilidade: os valores médios das diferentes categorias do IMC
ou % MG não se traduziram por efeitos positivos ou negativos nesta capacidade.
Resistência abdominal: o curl up salientou diferenças significativas penalizando as
mulheres tanto para o IMC como para a % MG mais elevados. Força dos membros
superiores e inferiores: não se verificou qualquer efeito significativo em função da %
MG. Já o IMC revelou um impacto significativo para os dois sexos, isto é, os indivíduos
com sobrepeso apresentaram valores significativamente maiores que os
normoponderais. Conclusões: 1) a percentagem de gordura não parece ser
suficientemente sensível para discriminar diferenças de funcionalidade; 2) as categorias
do IMC consideradas não parecem ter um impacto significativo no VO2máx, na
flexibilidade nem na resistência abdominal. O mesmo não ocorre nas provas de
força muscular em que o sobrepeso evidenciou um impacto positivo. Destas
conclusões é possível inferir o seguinte: 1) em praticantes de ginásticas de academia,
parece não haver uma relação directa entre a aptidão física e a %MG e/ou IMC; 2)
o IMC não reflecte excesso de gordura visto que nas provas de força, ganham os
que apresentam mais peso, que neste parece significar, mais massa muscular; 3) estes
resultados revelam aspectos particulares da amostra (frequentadores assíduos de
ginásios com IMC e % MG não muito elevados: no IMC não haviam indivíduos
obesos mas apenas com sobrepeso e na MG o valor mais elevado não excedia os
33%)