Resumo
A estatura é um dos atributos físicos de grande destaque para o homem e para a mulher e, dependendo do meio ou da cultura, é valorizada de diferentes formas. Quando se faz referência ao esporte e a atletas de alto nível, a primeira imagem que nos vem à mente é a de uma figura alta e forte. No entanto, na Ginástica Artística (GA), especialmente no setor feminino, a maioria das ?grandes? campeãs apresenta uma característica em comum: a estatura baixa. No Brasil, a população em geral acredita que o fato se deve ao treinamento intensivo da modalidade. Conseqüentemente, pais chegam a proibir que as filhas pratiquem a modalidade preocupados com o comprometimento da estatura adulta. Até o momento, os estudos científicos realizados têm demonstrado que os aspectos biomecânicos, a rigorosa seleção natural e, principalmente, fatores hereditários provavelmente sejam os maiores responsáveis pela estatura baixa das ginastas. No entanto, a maioria desses estudos são realizados com atletas pré-púberes e adolescentes que estão em plena fase de crescimento. A falta de estudos conclusivos e especialmente relacionados à fase adulta das ginastas, mesmo no contexto internacional, contribui para a perpetuação do mito da estatura baixa na GA em alguns países como o Brasil. Assim, é preciso conduzir estudos específicos e em maior profundidade a fim de verificar se há ou não comprometimento da estatura final da ginasta de alto nível na fase adulta devido ao treinamento. Estudos que relacionem o crescimento estatural com ênfase na fase adulta da atleta de GA ainda não foram encontrados na nossa literatura. Além de raros, inclusive no contexto internacional, essas pesquisas são necessárias para esclarecer dúvidas e levantar evidências que possam justificar ou quebrar o mito relacionado à modalidade. O objetivo da nossa pesquisa foi levantar dados referentes à estatura de ex-ginastas e ginastas adultas de alto nível no Brasil, para verificar possíveis evidências de que o potencial hereditário estabelecido para estatura adulta tenha sido prejudicado devido ao treinamento de alto nível na Ginástica Artística. Utilizou-se o método quantitativo para comparação dos dados familiares referentes à estatura e maturação de 45 ex-ginastas e 06 ginastas em atividade com idade mínima de 18 anos. Os nossos resultados demonstraram que a estatura da ginasta de alto nível no Brasil está dentro da normalidade de acordo com os órgãos oficiais que estabelecem os referenciais para estatura em cada faixa etária. Evidenciaram também estreita relação entre a estatura média dos pais e a estatura final das ginastas, fator também observado na comparação entre as ginastas e respectivas irmãs, indicando que, aparentemente, o potencial genético ou fator hereditário estabelecido para a estatura não foi prejudicado em decorrência do treinamento de alto nível na Ginástica Artística