Resumo
Na grande aldeia global desta primeira década do século XXI, o desporto consolida a tendência de segmento estruturante na plurifacetada indústria do entretenimento, em que as tradicionais organizações desportivas baseadas no voluntarismo dos dirigentes cedem lugar a novas dinâmicas onde, não excluindo a generosidade dos idealistas do desporto, se procuram e se exigem novos níveis de desempenho, idênticos aos percebidos nos setores habitualmente conectados com a dinâmica do profissionalismo. No contexto em que a qualificação e a dedicação são pré-requisitos essenciais na gestão esportiva, surge a realização deste estudo, organizado em uma Introdução, cinco Capítulos e a Bibliografia, além de Anexos. No Pará, o desenvolvimento desportivo ainda está no estágio do romantismo, predominantemente amadorista, evidenciando reservas à admissão do profissionalismo, e questionamos até que ponto estratégias e lideranças com as mesmas características observadas no processo de transformação do voleibol brasileiro, podem provocar desenvolvimento desportivo equivalente, em cenários semelhantes, consideradas as suas realidades contextuais. Então regredimos a 1975, quando inicia uma era de prosperidade no voleibol brasileiro, pela introdução de um método diferenciado de gestão esportiva, apoiado no tripé organização, qualificação e visibilidade, consolidado como modelo inovador, através de vitórias esportivas e geração de valor agregado. Para estudarmos isto, elaboramos uma caracterização exaustiva do desporto no Pará (de mercado, de Federações e de dirigentes) e recorremos também a registros documentais que apresentam a ambientação e a evolução do voleibol brasileiro a partir do referido período, além de um depoimento exclusivo de Carlos Arthur Nuzman, principal articulador do inovador processo de gestão que levou o vôlei do Brasil a ser o melhor do mundo, há vários anos. No procedimento analítico recorremos a modalidade de Análise de Conteúdo, pela transcrição das entrevistas aplicadas e interpretação dos dados resultantes, quando cruzamos os resultados evidenciados com as informações obtidas do ―Enquadramento Contextual‖ e do ―Campo Teórico de Análise‖. A análise do conjunto de informações coletadas nos permite constatar muitas semelhanças entre os ambientes de dificuldades e limitações do voleibol brasileiro de 1975 e o esporte paraense atual, até com paridades iniciais entre os perfis dos Presidentes das Federações e o de Nuzman, naquela época. As principais diferenças estão nas estratégias de intervenção, das quais emerge a constatação da importância e necessidade de um gestor esportivo determinado e capaz para modificar uma situação desportiva desfavorável. Neste ponto salientamos como a adoção de uma estratégia de benchmarking pelas Federações paraenses, utilizando a referência do modelo inicial de gestão esportiva elaborado por Nuzman na presidência da CBV, poderá produzir resultados satisfatórios, devido a semelhança de ambientes entre o cenário do voleibol brasileiro em 1975 e o atual estágio de desenvolvimento do esporte paraense, com as adaptações necessárias à realidade local.