Resumo

Há uma crescente preocupação em se estudar o comportamento do movimento humano quando em interação com diferentes meios ambientes. Nesse contexto, existe um grande interesse em se estudar o movimento humano dentro da água, uma vez que o meio já é utilizado há muito como de valor terapêutico devido às diferentes propriedades mecânicas que oferece. Embora o meio aquático já se caracterize como meio alternativo para o treinamento físico e para a reabilitação, há uma carência de estudos mais aprofundados e extensos sobre suas verdadeiras vantagens, desvantagens, conseqüências e precauções na sua utilização. Dessa forma, fazendo-se uma revisão bibliográfica a respeito de estudos que relacionem variáveis biomecânicas, por exemplo, a força de reação do solo, estimativas de momentos intersegmentares de força, registro da atividade elétrica muscular, variação angular e outras, percebeu-se que são poucas as pesquisas nesse sentido, demonstrando uma verdadeira lacuna na literatura científica sobre essa temática. Diante disso, o conhecimento do padrão da atividade eletromiográfica e da variação angular da articulação do joelho durante o andar em diferentes meios ambientes, pode ajudar a entender como o sistema nervoso exerce o controle sobre o movimento humano. O presente estudo teve como objetivo apresentar o padrão de atividade do sinal eletromiográfico de músculos dos membros inferiores quando da marcha realizada em ambiente aquático, além de compará-lo ao padrão da marcha realizada em ambiente terrestre. Também fez parte do escopo do mesmo a determinação do padrão e a análise comparativa das variações angulares da articulação do joelho nas referidas situações. Através de metodologia experimental estabelecida, procedeu-se a coleta de sinais elétricos musculares e a variação angular da articulação do joelho, durante o andar em ambiente terrestre e aquático. Os resultados indicaram a existência de padrões diferentes para a variação angular, assim como para a velocidade angular da articulação do joelho em função do ciclo da passada. Esta comparação foi feita através da aplicação do teste-t para amostras pareadas, cujo nível de significância apresentou-se menor do que 5%. Com relação a atividade elétrica muscular, observou-se que os coeficientes de variação médios têm valores diferentes em magnitude para o mesmo músculo quando ativado em ambientes diferentes. Estes valores são de 27,6% e 14% pata o m. vasto lateral, 24% e 29% para o m. bíceps da coxa, 32% e 42% para m. tibial anterior e de 32% e 23,6% para o m. gastrocnêmio lateral; respectivamente para ambiente terrestre e aquático. Conclui-se que as curvas representativas da variação angular da articulação do joelho e as representativas da variação da velocidade angular em função do tempo são significativamente diferentes, de acordo com o meio em que a marcha humana é realizada, além de haver uma maior variabilidade para estes para estes parâmetros quando o movimento ocorre em ambiente aquático. Em relação ao sinal eletromiográfico, conclui-se que a variabilidade não é ambiente dependente; porém, os padrões de atividade elétrica muscular são significantemente diferentes de acordo com o meio, havendo, inclusive, alterações nas relações existentes entre os músculos antagonistas ao movimento de flexão e extensão da articulação do tornozelo. Considera-se ainda que novos estudos devam ser realizados para ampliar o atual estágio de conhecimento científico sobre a temática, assim como as necessárias padronizações metodológicas experimentais para a interpretação de movimentos do corpo humano em ambiente aquático. Palavras-chave: Biomecânica, Marcha humana, Eletromiografia.

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