Eu Acredito Porque é o Senhor Que Tá Falando: Ditadura, Cinema, Diversão e Consentimento em o Corintiano (mazzaropi, 1966)

Por Luiz Carlos R. de Santana (Autor).

Parte de Comunicação e Esporte: Reflexões a Partir do Cinema . páginas 121 - 137

Resumo

INTRODUÇÃO
O presente artigo é urna adaptação de parte do terceiro capitulo (inédito) de tese defendida no doutorado do Programa de História Comparada, IFCS/UFRJ (2013), sob a orientação do prof. Dr. Victor de Andrade Meio. O conjunto do trabalho foi assim intitulado: "O futebol nas telas - um estudo sobre a relação entre filmes que tematizaram o futebol, duas ditaduras e promessas de modernidade, no Brasil e na Espanha (1964 - 1975r. A ideia básica que dirigiu o projeto foi, portanto, empreender um estudo compa-rado entre filmes produzidos sob a primeira década da ditadura militar entre nós e durante a parte final do regime franquista, na Espanha. O con-junto das películas examinadas abrangeu dez obras. Para o presente texto selecionei apenas- urna das fitas trabalhadas: O Corintiano, de 1966, diri-gido, produzido e protagonizado por Amácio Mazzaropi. Nossa tarefa, neste escrito, será a de discutir e relativizar uri-ia pre-tensa ingenuidade do conjunto da obra do eminente comediante paulista. Essa característica, apontada por mais de 11111 autor (oRicemo, 2006, p. 127; ABREU, 2000, p. 367), vai ser posta à prova a partir da apreciação das interações conjunturais (históricas) e políticas de uma das realizações de Mazzaropi. A ideia é oferecer, portanto, ao menos um contraponto con-creto à referida caracterização. Isto posto, procederei da seguinte forma: primeiro irei sumariar algu-mas posições e orientações que presidiram meus estudos sobre futebol e cinema, de um modo geral, em seguida conduzirei meus esforços para a peça filmica selecionada e para as reflexões que ela venha a permitir/ suscitar.