Resumo

Na atualidade, a sociedade, a escola e seus sujeitos estão diante das diversas e complexas questões impostas pela crise dos grandes modelos sociais fornecedores de sentido, sejam eles científicos, políticos, religiosos ou educacionais. Some-se a isso, o impacto da globalização que colaborou para estremecer e aumentar a diversidade cultural, causando o surgimento de novas identidades marcadas pela fragmentação. O presente estudo se fundamenta nas análises dos diversos aspectos da globalização e sua influência no meio escolar, das teorias pós-críticas que fornecem elementos para análise desse momento e do entendimento da importância da centralidade da cultura nos tempos pós-modernos, bem como o processo de constituição identitária. Em tal cenário, realizou-se uma pesquisa com o objetivo de conhecer quais elementos possam ter contribuído para a constituição de uma docência da Educação Física atenta à diversidade cultural. Como procedimento metodológico, optou-se pela pesquisa pedagógica qualitativa, devido ao seu compromisso com a ampliação, construção e interpretação das lógicas que influenciam as ações educacionais e a identidade docente. O material resultante da realização de entrevistas semiestruturadas foi confrontado com os campos teóricos dos Estudos Culturais e do multiculturalismo crítico. Partindo da análise das concepções de professores da rede pública, que colocam em ação o currículo multicultural da Educação Física, inferiram-se as possíveis relações entre a experiência pessoal, o olhar para a contemporaneidade e a atuação pedagógica. A partir das análises, podemos inferir que os elementos que contribuíram para a constituição de uma docência da Educação Física, atenta à diversidade cultural, podem ter sido gerados por uma trajetória de vida marcada pelo enfrentamento de situações socialmente adversas e pela adesão às práticas corporais produzidas pelos grupos minoritários. Talvez tenha sido esse o mote que os levou a aderir a uma proposta de ensino questionadora das formas de poder que exaltam o patrimônio cultural corporal hegemônico e discriminam o repertório dos grupos minoritários.

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