Resumo
Esta pesquisa investiga a introdução da Educação Física nas propostas de reformulação educacional do Brasil, no período em que se deu a transição do Império para a Primeira República, estendendo-se até o início da era Vargas, a partir da análise de autores que expressavam os anseios por uma modernização burguesa do país via educação. Mantendo-se nessa perspectiva, o estudo abrange à legislação educacional sergipana que normatizou o ensino primário nas primeiras décadas republicanas. Apontava-se, a escola primária como instituição privilegiada para acelerar o processo que conduziria o país aos padrões internacionais de modernização, destacando-se, em vista disso, a Educação Física como um de seus componentes basilares. As fontes analisadas evidenciaram que a Educação Física ascendeu como uma questão fundamental para a Pedagogia, em decorrência de uma reação à educação tradicional, que priorizava os cuidados, quase exclusivos, com a formação mental ou espiritual do indivíduo, em detrimento das atenções imprescindíveis ao corpo. Manifestava-se uma nova perspectiva formativa, que aliava o desenvolvimento harmonioso do corpo ao do espírito, sustentando a argumentação favorável à educação integral, aliada às necessidades emergentes de condutas de corpos de cidadãos, que os adequasse às novas relações de produção capitalistas. A Educação Física tornou-se objeto de projetos de reformas educacionais que despertaram a atenção do Estado, de intelectuais e políticos, inclusive sergipanos, embora se constate que, em Sergipe, a realidade da rede de ensino dificultava o desenvolvimento das atividades e dos exercícios físicos que então se recomendavam. Conclui-se, enfim, que a disciplina em foco, já naquela época, passava a ser defendida como requisito fundamental para a formação integral do cidadão, pois potencializava a ação educativa na medida em que canalizava as energias vitais do indivíduo na direção social do processo produtivo