Resumo
Atualmente o universo do esporte adaptado tem despontado para-atletas buscando uma constante superação no contexto esportivo, mas os mesmos devem estar motivados para a prática esportiva, para as competições e sobretudo para a superação frente às derrotas ou na manutenção da vitória. Nesta perspectiva, o atual estudo teve como objetivo principal validar o instrumento de motivação Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ) para a população brasileira de para-atletas, deficientes físicos, testando as propriedades psicométricas (validade, fidedignidade e reprodutibilidade), estabelecendo escore referente ao instrumento estudado, possibilitando assim descrever o nível de motivação (orientação para tarefa e para ego). Através de uma abordagem quantitativa descritiva avaliamos uma amostra de 771 para-atletas maiores de 18 anos de idade (média de 29,51±9,65 anos) de ambos os gêneros, escolhidos aleatoriamente. O projeto contou com três etapas: estudo piloto, estudo completo e teste-reteste, na qual foram coletados dados segundo três instrumentos estruturados e autoaplicáveis: (1) questionário de identificação, (2) TEOSQ, e (3) instrumento que avalia a auto percepção de sucesso, intitulado Perception of Success Questionnaire (POSQp). Após a aprovação Comitê de Ética em Pesquisa, iniciou-se o contato com os para-atletas via Comitê Paralímpico Brasileiro e pessoalmente em competições regionais, nacionais e internacionais. Posteriormente realizou-se o estudo piloto com 47 para-atletas de idade média de 29,42 (±9,00), onde foram identificados resultados positivos do TEOSQ em relação à consistência interna e correlação com o POSQp. A partir desses resultados, passamos ao estudo completo que contou com a participação de 771 para-atletas de diferentes Estados brasileiros, seguindo os mesmos passos do estudo piloto. Os resultados apontaram para alta consistência do TEOSQ em relação à orientação para tarefa e para ego (Alfa de tarefa de 0.82 e de ego de 0.77). A única exceção aconteceu em relação à questão 6 (Os outros bagunçam e eu não), especificamente na orientação para o ego, pois as modelagens estatísticas de consistência interna e análise fatorial exploratória (AFE) revelou que essa questão estava dissociada do fator ego, revelando um terceiro fator. Na testagem teste-reteste, os resultados comprovaram a estabilidade interna do instrumento, e os fatores explorados se associaram com valores latentes nas orientações, com exceção da questão 6, na qual o modelo de AFE sugeriu um 3º fator latente. Os resultados desta pesquisa permitem concluir que o TEOSQ possui adequadas propriedades psicométricas para avaliação de motivação entre para-atletas brasileiros, segundo diferentes estratégias de validação. Ao mesmo tempo, os modelos analíticos realizados na pesquisa indicam a retirada da questão de número 6, pois levaria ao aprimoramento do instrumento. Outra conclusão do estudo foi que os para-atletas têm tendências motivacionais do tipo orientação para tarefa, revelando sua preocupação em aprender, em se desenvolver e em cooperar com os parceiros de equipe, julgando que seus resultados de sucesso são decorrentes de seu esforço/treinamento e conquistas pessoais, e não ao acaso.