Resumo
Os objetivos deste estudo foram: 1) Analisar a associação entre os índices determinados no teste incremental realizado no laboratório (pico de velocidade: PVest; consumo máximo de oxigênio: VO2max; velocidade referente ao consumo máximo de oxigênio: vVO2max: velocidade referente ao onset blood accumulation lactate: vOBLA) e de capacidade de sprints repetidos (CSR) (tempo médio, melhor tempo e índice de fadiga) com o pico de velocidade no TCar (PVtcar); 2) Verificar a reprodutibilidade do PVtcar; 3) Comparar indicadores de capacidade de sprints repetidos, de potência e capacidade aeróbia em atletas de futebol que desempenham diferentes funções táticas; 4) Investigar a associação entre variáveis fisiológicas relacionadas à aptidão aeróbia (VO2max, vVO2max e vOBLA) e CSR em jogadores de futebol. Participaram deste estudo 52 jogadores de futebol (17,9.1,0 anos; 179,0.5,5 cm; 73,6.6,7 kg; 11,3.1,4 %G) de duas equipes de nível nacional. Os sujeitos (n=28) primeiramente realizaram o teste TCar para determinação do PVtcar. Após 48 h eles realizaram um teste incremental em uma esteira rolante para determinar a VO2max, vVO2max e vOBLA. Após 48 h, os sujeitos realizaram um teste de CSR que consistiu de sete sprints de 34,2-m separados 25 s de recuperação, para determinar o tempo médio (TM), melhor tempo (MT), o índice de fadiga (IF) e o pico de lactato ([La] Pico)). Na segunda parte da investigação, 24 atletas realizaram dois testes TCar com um intervalo de 72 h para examinar a reprodutibilidade. Para verificar os índices determinantes do PVtcar foi utilizada a regressão múltipla. O coeficiente de correlação intraclasse (CCI) foi utilizado para analisar a reprodutibilidade do TCar. A correlação linear de Pearson e a regressão múltipla foram usadas para avaliar a relação entre aptidão aeróbia e variáveis do teste de CSR (TM, MT, IF, [La] Pico). A análise de variância (ANOVA), seguida do teste post-hoc (Tukey), foi usado para comparar os sete sprints no teste de CSR e as médias dos índices fisiológicos mensurados nos três testes aplicados entre os atletas das diferentes posições. O nível de significância adotado foi p<0,05. Não foi encontrada diferença entre o PVtcar e a vVO2max (p>0.05). Uma significante correlação foi encontrada entre o PVtcar e TM (r = - 0,71, p<0,01), e do PVtcar com o PV na esteira (r = 0,73, p<0,01) e vVO2max (r = 0,74, p<0,01). O VO2max e a vOBLA também foram significativamente correlacionados com o PVtcar (r = 0,52, p<0,01; r = 0,63, p<0,01; respectivamente). A análise de regressão múltipla demonstrou que o PVtcar pode ser explicado em 78 % pelos seguintes índices: vVO2max, VO2max e TM. O CCI foi de 0.93, enquanto que o coeficiente de variação foi de 5%. Não foi encontrada diferença significativa em nenhuma variável (VO2max, vVO2max, LAn, PV, PDFC, TM, MT, IF) quando se comparou os atletas das cinco posições (zagueiro, lateral, volantes, meias e atacantes). Foi encontrada uma significante correlação negativa entre a vOBLA e a vVO2max com o TM durante o teste de CSR (r= - 0,49, p<0,01; r= - 0,38, p<0,05, respectivamente). Também foi encontrada correlação negativa entre o IF e a vOBLA (r= - 0,54), vVO2max (r= - 0,49) e VO2max (r= - 0,39). A regressão múltipla mostrou que as variáveis aeróbias (vOBLA) e anaeróbias (MT) explicam 89 % da variância no TM. Observou-se que a CSR é mais fortemente correlacionada com a vOBLA e vVO2max que com o VO2max que é tradicionalmente mensurado. Além disso, é possível afirmar que o teste TCar apresenta elevada reprodutibilidade e é válido para a avaliação da potência aeróbia máxima. O PVtcar também permite avaliar aspectos específicos da capacidade de sprints repetidos.