Exercício Aeróbio Intradialítico, Controle Postural e Equilíbrio em Doentes Renais Crônicos: Estudo Piloto
Por G. D. E. Souza (Autor), C. O. Carletti (Autor), A. P. Akashi (Autor), C. G. L. Daibem (Autor), S. T. Rodrigues (Autor), H. L. Monteiro (Autor), C. S. C. Rosa (Autor).
Resumo
Indivíduos em estágio final da doença renal crônica submetidos a terapia de diálise são caracterizados pela síndrome urêmica, que acarreta alterações em vários sistemas orgânicos. Além de uremia, estes pacientes apresentam alterações metabólicas, disfunções musculoesqueléticas, doenças cardiopulmonares, comprometimento físico, imunológico e do sistema nervoso central e periférico. Assim, é presumível que pessoas submetidas a terapia de hemodiálise manifestem mobilidade e equilíbrio prejudicados, o quais estão ligado ao risco elevado queda. Nos últimos 30 anos a literatura tem descrito melhoras fisiológicas que surtiram melhor na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes através do exercício físico. Todavia, pouco se sabe sobre o efeito do exercício intradialítico no controle postural e equilíbrio do doente renal crônico. Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do exercício aeróbio intradialítico sobre o controle postural e equilíbrio em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise. Para isto, foi realizado um ensaio clínico com sete indivíduos renais crônicos provenientes do Centro de Hemodiálise do Hospital Estadual de Bauru. O equilíbrio funcional foi avaliado pela Escala de equilíbrio de Berg e o controle postural através das variáveis amplitude de deslocamento anteroposterior (AMPAP) e amplitude de deslocamento médio-lateral (AMP-ML) do centro de pressão através da plataforma de força AMTI - AccuGait. Os pacientes realizaram três tentativas permanecendo 30s sobre a plataforma em base bi-podal normal. O exercício aeróbio foi realizado através de um cicloergômetro acoplado da cadeira do paciente. Este teve duração de 50-60 minutos, realizado nas primeiras duas horas da sessão de hemodiálise, três vezes na semana, durante de 12 semanas. A intensidade do esforço foi determinada pela escala de BORG e os pacientes foram incentivados a manter-se entre 12 e 16 na escala. Para comparar os momentos pré e pósexercício foi utilizado o teste t de Student para amostras pareadas. Foi calculado também a magnitude das diferenças (ES) através da fórmula de Cohen. Nível de significância utilizado foi de 5%. Quatro homens e três mulheres com 52,86±11,08 anos participaram do estudo. As comparações entre os momentos não apresentaram significância estatística, porém observou-se tendência de melhores valores das variáveis avaliadas pós intervenção (AMP-AP: pré, 0,206±0,091 e pós, 0,163±0,061cm; ES:0.61, p=0,124, AMPML: pré, 0,076±0,038 e pós, 0,059±0,025cm; p=0.178, ES:0,58, e escala de BERG: pré, 52,3±3,9 e pós, 54,8±0,8 pontos, p=0,209, ES:0,52). Após o protocolo de doze semanas de exercício aeróbio realizado durante a hemodiálise houve tendência de melhora nas variáveis do controle postural e equilíbrio funcional, sem significância estatística. Desta forma, sugere-se novos estudos com possibilidades de outros protocolos de exercício, como o exercício resistido, bem como, intervenção evolvendo maior número de participantes.