Resumo

Esta pesquisa apresenta como foco de investigação os mochileiros em suas práticas de viagens de mochila. Para isso, adotou como ponto central da discussão produzida o sujeito em sua mediação com o mundo que, através de sua atividade, é capaz de auto-expressar-se transformando a si e a sociedade, de forma alternativa, reflexiva e recursiva. O diálogo se estabeleceu numa perspectiva policêntrica, sendo desenvolvido no Mestrado Interdisciplinar em Estudos do Lazer da UFMG, o que permitiu adentrar nos campos de estudos da antropologia, da sociologia, da psicologia social, do turismo e do lazer, numa tessitura transdisciplinar que reconhece o sujeito em sua prática evocando sua dimensão incompleta, dinâmica e complexa. Foram utilizados, como aporte teórico, o Pensamento Complexo e a Teoria Histórico-cultural, que possibilitaram uma articulação de elementos, já que não concebem os componentes de um fenômeno de uma forma hierarquizada, mas como uma interdependência dialógica entre eles. Nessa perspectiva, este estudo procurou desvelar, por meio das subjetividades constituintes dos sujeitos, os sentidos e os significados que o modo e a experiência de viajar de mochila constituem para os mochileiros, levando em conta sua história, sua cultura e sua mediação com o mundo contemporâneo. No processo de interpretação e análise dos dados, dois eixos norteadores foram desvelados: o primeiro eixo evidenciou a atividade em si, realizada por esses sujeitos, revelando quais os significados sociais e pessoais constitutivos da mochilagem e o segundo eixo circunscreveu-se no sujeito produtor dessa atividade, com o objetivo de conhecer quais os sentidos e significados construídos pelos mochileiros em suas práticas. Desse modo, foram consideradas algumas tensões existentes dessa prática de viagem na sociedade contemporânea verificando que os mochileiros não compactuam com a transformação das viagens em mercadorias a serem consumidas. Eles compreendem essa prática como uma experiência de vida na qual constroem significados que dão sentido à sua existência, de uma maneira singular.

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