Experimento Pedagógico: Deambular na Pandemia – Encontro de Grupos de Pesquisa Brasil/colômbia
Por Líria de Araújo Morais (Autor).
Resumo
Esse artigo se propõe a reunir reflexões sobre o encontro ocorrido entre três grupos de investigação pertencentes a universidades e cidades diferentes para investigar a deambulação e a improvisação em dança durante os tempos pandêmicos entre o mês de abril e maio de 2021. Emergiram assuntos e estudos de modo teórico prático, atrelados à relação do corpo com a rua, e à proposição criativa em dança a partir dos espaços que estão em volta da moradia de cada participante do encontro. Houve um planejamento prévio entre os três professores investigadores de cada universidade, no Brasil na Universidade Federal da Paraíba, com o grupo Radar 1, na cidade de João Pessoa-PB, coordenado pela professora Líria Morays; na Colômbia, na Universidade do Atlântico, com o grupo MAT, na cidade de Barranquilla, coordenado pela professora Ana Milena Navarro Bussaid; e na UNIBAC, na cidade de Cartagena, com o grupo Fascia, coordenado pelo professor Dayan Julio. Cada grupo, com seus estudantes participantes estiveram vivenciando uma experiência de intercâmbio online, realizando experimentos na rua e relatando suas realidades sociais, políticas e seus desejos artísticos através da deambulação. A prática da deriva atrelada à um tipo de percepção aguçada necessária para que o corpo esteja impregnado do espaço esteve presente em todos os encontros apresentando variações nos estímulos que eram específicos de cada grupo. A atenção para a rua estava voltada para ora para o mapeamento sonoro, ora para a percepção de situações sociais encontradas e ora para o formato arquitetônico com as respectivas sensações que esses estímulos provocavam. Durante seis encontros de duas horas cada um, houveram produção de relatos, capturas de imagem, sons, objetos, sons e escritas referentes a essas vivências, além da relação de trabalhos em duplas contemplando a experiência entre línguas e culturas diferentes. A improvisação em dança como um modo de acontecimento, o público capturado na emergência citadina e o modo como o dançarino lida com a sua própria poética enquanto deambula são questões que esse artigo apresenta como discussões importantes. Considera-se o lugar do experimento como uma maneira de produzir conhecimento, que pode apresentar a mesma natureza da deambulação, tomando a investigação em seu próprio tempo presente e capturando os materiais e informações para composições artísticas conjuntamente aos pensamentos que são evocados da experiência criativa junto/na e a partir da relação com a rua.