Resumo

O jiu-jítsu brasileiro é o resultado do encontro entre um mestre japonês, discípulo da escola Kodokan e uma família de imigrantes escoceses, durante o início do século XX. Adotando a perspectiva da sociologia da infância, nos interessamos pela prática infantil do jiu-jítsu como espaço de produção dos direitos de participação. Buscamos entender quais as corporeidades estão em jogo nos movimentos de luta da arte suave. A técnica descrita como embodiment serviu para situarmos a observação participante no tatame e imergir em campo no contexto do jiu-jítsu comunitário. Em seguida, visitamos outras academias, coletando desenhos do esporte de combate, por crianças na faixa etária dos quatro aos doze anos, em quatro países: Brasil (Rio de Janeiro e Natal), Portugal (Lisboa), Suíça (Onèx) e Noruega (Eidsvoll). Notamos que os traços e as formas subjetivas expressas nos desenhos são fundamentais para o registro da cultura corporal e o exercício de ser criança. O corpo-infância como ente individual, competitivo e identitário; e o corpo-infância como ente coletivo, lúdico e universal, compõem a narrativa visual, que comunica, através da linguagem dos desenhos, a possibilidade de construção criativa do jogo de combate na representação estética da corporeidade infantil.