Resumo

Este ensaio visa explorar diferentes entendimentos do conceito de capacitismo e citar alguns exemplos de como a luta anticapacitista vem se expressando no contexto midiático dos Jogos Paralímpicos (JP). A literatura internacional vem denunciando duas faces do capacitismo: uma que pressupõe que as pessoas com deficiência (PCD) são incapazes e outra que elas são capazes de fazer tudo e qualquer coisa. Ambas reforçam o sofrimento, o preconceito e a discriminação das PCD. A literatura nacional vem focando mais exclusivamente na face da incapacidade. Analisamos algumas peças promocionais dos JP tanto no Reino Unido quanto no Brasil e analisamos algumas falas de atletas e produções de jornalistas e verificamos a existência de diferentes abordagens na luta anticapacitista: (1) mostrando as PCD como super-capazes e/ou super-humanas; (2) demostrando o preconceito das pessoas em geral contra as PCD; e (3) mostrando atletas e PCD em geral como quaisquer outros seres humanos treinando e exercendo suas tarefas, enfrentando suas limitações e os desafios que encontram em seu cotidiano. Conforme advertem alguns ativistas e pesquisadores internacionais, a primeira abordagem pode inadvertidamente reforçar o capacitismo. Ela enfatiza o valor de determinadas capacidades e fomenta crenças e expectativas que as PCD são capazes fazer qualquer coisa, o que nem sempre é possível. Ao combater uma das faces do capacitismo,  ela pode reforçar a outra.  Isto nos lembra que precisamos ficar atentos para que, em nossa luta contra o capacitismo também não caiamos inadvertidamente em armadilhas capacitistas.

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