Resumo

O debate em torno da Extensão Universitária e de sua trajetória histórica nas universidades públicas brasileiras ainda circula na comunidade acadêmica como um tema conturbado no âmbito de suas concepções, diretrizes e práticas, que permeiam diversas apropriações e representações sobre a Extensão. Compreende-se, neste trabalho, que essa controvérsia gira em torno das concepções de Extensão Universitária assumidas, difundidas e praticadas em seu processo de normatização nas Instituições de Ensino Superior (IES) em determinados contextos históricos. O interesse, portanto, recai sobre a investigação de algumas questões relativas à formalização da Extensão na Universidade Federal do Paraná (UFPR), envolvendo concepções que nortearam e geraram propostas e práticas desenvolvidas no contexto da ditadura civil-militar no Brasil, quando a Extensão Universitária ganha maior projeção no cenário nacional. Para tanto o presente trabalho terá como questão central perceber de que forma a UFPR e sua comunidade acadêmica apropriaram-se, em suas normativas, documentos internos e em atividades extensionistas, das diretrizes da Lei 5.540/68 sobre a Extensão, e do Plano de Trabalho de Extensão Universitária de 1975. A pesquisa envolve, portanto, ao longo dos capítulos, três níveis de análise da Extensão Universitária: no primeiro capítulo ressalta-se o âmbito nacional, no segundo o aspecto institucional/normativo (ou formal) e no terceiro a dimensão prática das ações. Pois, entende-se que para compreender as concepções de Extensão na UFPR é necessário relacioná-la a um contexto mais amplo das políticas brasileiras, em especial as educacionais, e a um contexto mais particular da formalização nessa Universidade. Como fontes, têm-se leis e decretos nacionais, normativas internas e relatórios de trabalho da UFPR, além de depoimentos dos agentes envolvidos na Universidade Volante e nos Programas: Campus Avançado de Imperatriz (MA) e Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária no Paraná (CRUTAC-PR), nos quais a UFPR atuou diretamente entre 1968 e 1987, período que demarca o recorte temporal deste trabalho. Para a análise utilizou-se os conceitos de representação, apropriação e prática de Roger Chartier; e para o tratamento das fontes a acepção de Dario Ragazzini sobre as múltiplas relações das fontes, bem como os pressupostos de Verena Alberti e Serlei Ranzi sobre a fonte oral. Como resultados percebeu-se que a UFPR por meio dos Cursos de Verão e da Universidade Volante iniciou a ligação da função da Universidade com os problemas regionais. Em seu processo de formalização a Extensão na UFPR desenvolveu ações que transitaram por esferas urbanas e rurais; internas e externas à Universidade, associando-se principalmente ao Ensino. Concepções diferentes coexistiram e se expressaram ao longo do período analisado, todavia a concepção de serviço comunitário prevaleceu sobre as demais durante a ditadura.

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