Fadiga Mental no Futebol: Uma Revisão Sistemática
Por Caito André Kunrath (Autor), Felippe da Silva Leite Cardoso (Autor), Tomas Garcia Calvo (Autor), Israel Teoldo da Costa (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 26, n 2, 2020.
Resumo
No futebol, a fadiga é tradicionalmente investigada sob uma perspectiva neuromuscular e metabólica. Entretanto, já que o futebol é uma das modalidades esportivas com maior demanda cognitiva, acredita-se que a exigência de elevados níveis atencionais e as frequentes tomadas de decisões sejam fatores que influenciem o desempenho dos jogadores de futebol. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi verificar, através de uma revisão sistemática, os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho físico, técnico, tático e cognitivo dos jogadores de futebol. Foram realizadas buscas nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Web of Science e Scopus até 30 de abril de 2018. Incluiram-se artigos que utilizaram um protocolo de fadiga mental através das tarefas cognitivas realizadas previamente a uma tarefa física ou cognitiva relacionada ao futebol. Somente foram selecionados estudos que apresentaram um desenho experimental com a condição controle (sem fadiga mental) e experimental (com fadiga mental). No total, foram selecionados seis estudos que atenderam aos critérios estabelecidos, um estudo por busca reversa e outro por indicação dos autores. Os resultados indicaram menores distâncias percorridas em testes físicos, enquanto que os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho físico em jogos reduzidos não foram evidentes. Em testes técnicos, houve maior número de penalizações em passes e menor precisão e velocidade da bola nos chutes na condição de fadiga mental. Em relação às variáveis táticas, foram encontrados efeitos prejudiciais da fadiga mental sobre a sincronização entre os jogadores das equipes e o desempenho tático individual em ações defensivas. Em testes cognitivos, também foram verificados efeitos negativos sobre o tempo e a precisão para a tomada de decisão dos jogadores em testes de vídeo. A partir dos resultados dos estudos analisados, torna-se possível inferir que a fadiga mental é um fator que influencia negativamente o desempenho dos jogadores de futebol. Nível de evidência II; Revisão sistemática.