Resumo

O artigo analisa as representações da seleção brasileira de futebol, construídas pela imprensa esportiva no período subsequente à Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra até o final da Copa do Mundo de 1970, realizada no México. Nesse intervalo entre as duas Copas, é possível constatar o desdobramento de um amplo debate sobre o futebol brasileiro, cujo enfoque central recaía sobre o estilo de jogo da seleção nacional. Se por um lado a grande imprensa, influenciada pelo discurso militar, incorporou ao métier futebolístico brasileiro elementos como a ordem, a disciplina e a preparação física, por outro, os arautos do futebol-arte, cujo representante mais expressivo era Nelson Rodrigues, saíram em defesa do individualismo, da plasticidade e da capacidade de improviso, componentes basilares da tradição futebolística brasileira. As análises de reportagens e crônicas extraídas de periódicos que circulavam na época indicam que o futebol brasileiro se tornou uma arena onde se dramatizam as lutas simbólicas que se travam na sociedade.
 

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