Resumo

O teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) é considerado método padrão-ouro para avaliação da potência aeróbia máxima expressa pelo consumo máximo de oxigênio (VO2máx). O critério primário para confirmação do “verdadeiro” VO2máx é baseado na obtenção de um platô no VO2 ao final do TCPE, ou em critérios secundários, como valores de pico para razão de troca respiratória, porcentagem da frequência cardíaca máxima predita pela idade ou concentrações de lactato sanguíneo pós-TCPE. No entanto, o platô no VO2 frequentemente não é observado. Por outro lado, a adoção dos critérios secundários pode resultar na avaliação imprecisa do VO2máx. Como procedimento alternativo para superar essas limitações, tem sido proposta a realização de uma sessão adicional de exercício após a fase incremental do TCPE, denominada “fase de verificação”. Porém, dúvidas permanecem no tocante à validade e aplicação dessa abordagem como um procedimento necessário para medida do VO2máx. O objetivo desta Dissertação de Mestrado foi investigar, por meio de meta-análise, a aplicação da fase de verificação como procedimento para confirmação do VO2máx obtido em TCPE em adultos aparentemente saudáveis. Adicionalmente, a influência de critérios adotados na fase de verificação sobre os tamanhos de efeito das diferenças vs. TCPE foram analisados. A revisão foi conduzida de acordo com as recomendações PRISMA, incluindo-se estudos em língua inglesa. As seguintes bases de dados foram utilizadas até 30 de janeiro de 2020: MEDLINE (viaPubMed), Web of Science, SPORTDiscus e Cochrane (via Wiley), combinando descritores a partir do medical subjects heading (MeSH). Adicionalmente, foi realizada busca manual nas referências de estudos publicados sobre o assunto. Meta-análises foram realizadas para determinar a diferença média entre os valores mais elevados de VO2 e a frequência cardíaca nas fases incremental e de verificação. Análises de subgrupo foram usadas para avaliar possíveis fatores moderadores. O protocolo da revisão foi registrado na base International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO) e aprovado sob o número CRD42019123540. Após aplicação dos critérios de elegibilidade 78 estudos foram incluídos no estudo (amostra total de 1.634 participantes; faixa de idade 19-68 anos). Não houve diferença entre o VO2máx vs. VO2verif [n = 52, diferença média = 0,02 (IC 95% = -0,01 a 0,06) L/min, P = 0,17]. Além disso, o VO2verif não foi afetado por sexo, nível de aptidão cardiorrespiratória, modalidade de exercício, protocolo para TCPE bem como forma de realização da fase de verificação. Porém, a maior frequência cardíaca obtida na fase de verificação foi significativamente menor do que a obtida no TCPE [n = 36, diferença média = 2,7 (95% IC = 2,0 a 3,5) L/min, P < 0,00001]. Conclui-se que a fase de verificação é um procedimento robusto para confirmar o verdadeiro VO2máx em indivíduos aparentemente saudáveis. No entanto, a utilização da frequência cardíaca como critério suplementar à confirmação do VO2máx não pode ser atualmente recomendada, até que novas investigações estabeleçam procedimentos mais robustos.

Acessar Arquivo