Resumo

O objetivo foi identificar e comparar as alterações na percepção da qua-lidade e duração do sono e as variáveis sociodemográficas, econômicas e escolares associadas em estudantes do ensino médio de Santa Catarina entre os anos de 2001 e 2011, bem como quais comportamentos não saudáveis estão associados ao sono insuficiente e de má qualidade. A pesquisa apresenta característica epidemiológica de abrangência estadu-al e base escolar com delineamento transversal. Estudantes de 15-19 anos do Ensino Médio das escolas da rede publica estadual de Santa Catarina (n= 5.028 em 2001; n= 6.529 em 2011) responderam um ques-tionário sobre a quantidade de horas de sono em dias de aula (insuficien-te < 8 horas; suficiente > 8 horas); percepção da qualidade do sono (boa; ruim); variáveis sociodemográficas, econômicas e escolares; percepções de saúde e comportamentos adotados. As prevalências dos desfechos foram comparadas entre os inquéritos com base no intervalo de confian-ça de 95%. Utilizaram-se análises de regressão logística binária brutas e ajustadas e, para os comportamentos não saudáveis, regressão logística multinomial utilizando como referência os relatos positivos dos indica-dores do sono (duração suficiente + boa qualidade) em oposição aos relatos negativos de um (duração insuficiente + boa qualidade ou dura-ção suficiente + má qualidade) e de dois indicadores (duração insufici-ente + má qualidade) do sono. Adotou-se um nível crítico de p≤0,20 para a permanência das variáveis no modelo, com intuito de controlar possíveis fatores de confusão e um valor de p menor ou igual a 0,05. A prevalência de má qualidade do sono e duração insuficiente aumentou em 31,2% e 45,9%, respectivamente, entre 2001 e 2011. O trabalho remunerado, o ambiente urbano, o sexo masculino e a renda familiar elevada foram os fatores mais fortemente associados a esses desfechos. O uso de computador/videogame (≥4h/dia) e o consumo de bebidas alcoólicas (≥ 3doses/ocasião) foram associados positivamente a um e dois indicadores negativos de sono. Contudo, a assistência à televisão apresentou associação inversa. Todos os componentes alimentares (con-sumo inadequado ≥ 5dias/semana de frutas, verduras, salgados, doces e refrigerantes) estiveram associados ao relato de dois indicadores negati-vos do sono, porém apenas o de salgados e doces permaneceu associado após ajustamentos. Políticas públicas tornam-se necessárias com o intui-to de reverter esse cenário com desastrosas consequências para a saúde e qualidade de vida dos adolescentes.

Acessar Arquivo