Resumo
Em vista da relevância que adquire o parâmetro qualidade de vida entre os indivíduos que estão envelhecendo, desenvolveu-se este trabalho que tem por objetivo avaliar e comparar os fatores que interferem na percepção da qualidade de vida (PQV) de dois grupos distintos de idosos que requerem um suporte institucional de duas instituições diferentes. Foram avaliados cento e seis pacientes entre sessenta e oitenta anos de ambos os sexos. Entre esses, 48 eram acompanhados no Ambulatório de Geriatria (AG) do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. O outro grupo constituiu-se de 58 sujeitos do Grupo da Terceira Idade do Serviço Social do Comércio (SESC) de Campinas. Os instrumentos utilizados foram: ficha de avaliação de dados sócio-demográficos, prática de atividade física, doenças / estados mórbidos, número de medicamentos e fatores estressantes auto-relatados, bem como a percepção da qualidade de cada um dos ciclos de vida (infância, adolescência, idade adulta e velhice); International Neuropsychiatric Interview (MINI); questionário de qualidade de vida - WHOQOL-bref. Os resultados mostraram que a melhor percepção da qualidade de vida no domínio físico relacionou-se à prática de atividade física, ao não relato de dores, referência à boa infância e boa velhice, uso regular de menor quantidade de medicamentos. No domínio psicológico os idosos com melhor avaliação da qualidade de vida foram os que não apresentavam transtorno distímico, relatavam boa adolescência e velhice, usavam menor número de medicamentos e se consideravam felizes. No domínio social, a maior pontuação para qualidade de vida relacionou-se a: considerar-se feliz, não ter evidência de hipomania, negar solidão como evento estressante e referir boa adolescência. Quanto ao domínio ambiental, a referência à melhor qualidade de vida associou-se a: referir boa infância e velhice, maior nível de escolaridade e negar doença como evento estressante. Esses achados abrem para uma nova avaliação dos conceitos atuais sobre a velhice e processo de envelhecimento considerando-se os fatores que se associam a uma melhor percepção da qualidade de vida entre os idosos. Nesse estudo, verificou-se que a percepção da qualidade dos ciclos de vida, o uso de medicamentos, a prática de atividade física, a evidência de distimia e hipomania, o nível de escolaridade e a referência a dores, solidão e doença como eventos estressantes tinham interferência na percepção da qualidade de vida dos idosos avaliados