Resumo
O objetivo do presente trabalho foi o de identificar fatores limitantes na marcha de idosas durante a transposição de terreno plano (PLA) e inclinado (subida [SUB] e descida [DES]). Para que o objetivo fosse cumprido, dois estudos foram realizados. No primeiro estudo avaliou-se as diferenças da marcha de indivíduos idosos ativos (ATI) e sedentários (SED) em relação à indivíduos adultos (ADU). Quarenta e cinco indivíduos (15 ADU, 15 ATI e 15 SED) caminharam no terreno plano, subindo e descendo uma rampa com 10% de inclinação. A análise cinemática (Vicon MX-13) e cinética (Plataforma de Força AMTI) foi realizada. Não foram identificadas diferenças entre os grupos na marcha em terreno PLA. Na SUB os grupos ATI e SED apresentaram menor tamanho do passo (TPAS; ATI 1,20±0,08m; SED 1,17±0,09m) e menor amplitude no tornozelo (AMPTOR; ATI 29,1±3,2º; SED 31,2±8,2º) em comparação com os ADU. Em adição, o grupo SED apresentou maior taxa de impacto (1399,5±1956,6N.s-1 ) e menor taxa de impulso (-609,2±394,3N.s-1 ) na SUB. Na DES os idosos realizaram um menor tamanho do passo (ATI 1,08±0,15m; SED 1,06±0,10m), menor velocidade de deslocamento (ATI 1,08±0,19m.s-1 ; SED 1,05±0,12m.s-1 ) e menor inclinação lateral da pelve (ATI 8,1±2,4º; SED 7,4±2,0º). Na comparação entre os terrenos os grupos apresentaram maior duração do ciclo (TTC; ADU 1,09±0,06s; ATI 1,10±0,14s; SED 1,09±0,08s) e menor cadência (CAD; ADU 55,2±3,1p.m-1 ; ATI 55,5±6,8p.m-1 ; SED 55,3±4,8p.m-1 ) na SUB, e menor TTC (ADU 1,00±0,05s; ATI 1,01±0,09s; SED 1,01±0,06s) e maior CAD (ADU 60,3±2,9p.m-1 ; ATI 59,8±5,1p.m-1 ; SED 59,7±3,9p.m-1 ) na DES. A amplitude do quadril foi maior durante a SUB e menor na DES. No grupo ADU a amplitude do tornozelo foi menor na DES (28,0±8,5º) em comparação com as outras condições (PLA e SUB). Nos idosos a amplitude do joelho foi maior na DES (ATI 63,2±8,1º;SED 58,6±4,6º) do que nas outras condições. A força horizontal e sua taxa de aplicação no inicio do passo (FYINI e TXFYINI) foram menores na SUB e maiores na DES em todos os grupos (ADU, ATI e SED). No final do passo as forças horizontais (FYFIN e TXFYFIN) foram maiores na SUB e reduzidas na DES, em todos os grupos, em comparação ao terreno PLA. No segundo estudo avaliou-se a influência do efeito agudo do alongamento na marcha de idosas na rampa (idêntica ao primeiro estudo). Foi realizada uma análise cinemática (2D) e eletromiográfica de 12 idosas imediatamente antes (PRÉ) e após (PÓS) a sessão de alongamento dos flexores do quadril. O exercício causou aumento do TPAS (PRÉ 1,02±0,15m; PÓS 1,08±0,18m) e velocidade (PRÉ 0,95±0,18m.s-1 ; PÓS 1,01±0,22m.s-1 ) durante a DES. No quadril, os exercícios causaram aumento da amplitude (PRÉ 52,3±18,3º; PÓS 63,6±16,9º), pico de extensão (PRÉ 41,6±19,6º; PÓS 54,9±18,4º) e velocidade de flexão (PRÉ 195,8±31,2º.s-1 ; PÓS 241,8±29,8º.s- 1 ). Os músculos bíceps femoral e tibial anterior apresentaram reduções na ativação durante a SUB após a realização dos exercícios. Os resultados sugerem que o volume diário de exercícios influencia de maneira significativa a marcha de idosas. Diferentes terrenos também podem gerar modificações na marcha, independente da idade e do volume de atividades realizadas. Em adição, o alongamento causa alterações transientes positivas na marcha, e parece ser fundamental para a manutenção da mobilidade.