Resumo

Os exercícios dos músculos do assoalho pélvico (EMAP) são amplamente recomendados para o tratamento da incontinência urinária (IU). A aderência aos EMAP realizados em domicílio é um importante aspecto para o sucesso do tratamento. Objetivo: avaliar os fatores que influenciam a aderência aos EMAP domiciliares para tratamento de IU em mulheres adultas. Além disso, pretendeu-se desenvolver e validar uma escala de autoeficácia para EMAP; verificar o efeito de uma intervenção para melhorar a autoeficácia e a aderência para os EMAP; avaliar os preditores da aderência e comparar a função sexual antes e depois do tratamento. Métodos: ensaio clínico que randomizou 86 mulheres em grupo controle ou intervenção (drop out=16,3%). Ambos participaram de três sessões de fisioterapia para tratamento de IU baseados em EMAP e educação em saúde. A intervenção adicional consistiu em estimular a autoeficácia por meio de uma discussão estruturada sobre melhoras e objetivos (experiência de domínio), vídeo de 9 minutos com depoimentos (experiência vicária) e um ímã com lembrete. Considerou-se a teoria social cognitiva. Os instrumentos utilizados incluíram diário e questionário para aderência; escala de auto-eficácia; International Consultation on Incontinence Questionnaire (ICIQ-SF); Quociente Sexual Feminino e escala de Oxford modificada para força dos MAP. Resultados: a escala de autoeficácia foi desenvolvida e validada quanto a conteúdo, dimensionalidade e consistência interna (α=0,923). No modelo de regressão hierárquica, considerando-se aspectos como grupo (controle ou intervenção), fatores socioestruturais (idade, ICIQ-SF e escolaridade), expectativa de resultados e autoeficácia, apenas esta última foi preditora da aderência aos EMAP domiciliares (R2=0,232). Outro modelo de regressão efetuado com as variáveis obtidas na avaliação final (grupo, variação no ICIQ-SF, suporte social e estado de humor) revelou que estado de humor e autoeficácia estavam significativamente associados a aderência (R2=0,303). Estados de humor como ansiedade, depressão e irritabilidade podem atuar como barreira para os exercícios. Os resultados do ensaio clínico demonstraram que não houve efeito adicional da intervenção para aumentar a autoeficácia na aderência aos EMAP. O grupo intervenção referiu que a IU afetava menos a vida diária na reavaliação de um mês comparado ao controle (p=0,035). A aderência em três meses foi alta em ambos os grupos, visto que 55,8% do grupo experimental e 44,2% do grupo controle realizavam EMAP todos os dias. A análise dentre grupos demonstrou que ambos melhoraram significativamente os sintomas de IU e a força dos EMAP. As mulheres incontinentes sexualmente ativas mostraram melhora na função sexual após o tratamento (p<0,001). Conclusões: as variáveis sociocognitivas, mais especificamente a autoeficácia, e o controle emocional exercem um papel importante na aderência aos EMAP domiciliares. A intervenção não supervisionada para tratar IU proposta nesta tese poderá ser útil para mulheres que vivem distante de centros especializados de tratamento.

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