Resumo
Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar os fatores de risco para a incontinência urinária (IU) em mulheres idosas segundo a prática de atividade física regular. A amostra foi composta por 209 idosas e dividida em três grupos: idosas muito ativas (GMA; n= 83), idosas pouco ativas (GPA; n= 69) e idosas sedentárias (GSE; n= 57), conforme a classificação em METs do Domínio 4 do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Os instrumentos utilizados nessa pesquisa foram: a Ficha de Identificação da Incontinência Urinária e de seus Fatores de Risco; o Domínio 4 (Atividades Físicas de Recreação, Esporte, Exercícios e de Lazer) do IPAQ para verificar o nível de atividade física das idosas e o Roteiro do Exame Físico para avaliar a função muscular perineal através do PERFECT e da perineometria. Os dados foram tratados por meio de estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 5%. A incidência de IU na amostra total foi de 33,3% e os sintomas da IU de esforço foi o tipo mais comum (28,7%). A menor incidência de IU foi observada no GMA (28,9%). A modalidade de exercício físico praticada pela maioria das idosas foi a ginástica (82,9%) e associou-se com a ausência de IU (p< 0,05). Os fatores de risco identificados na amostra total foram histórico familiar (OR= 3,800; IC 95%= 1,918 a 7,529), circunferência da cintura (OR= 1,081; IC 95%= 1,040 a 1,123) e hipertensão arterial (OR=1,964; IC 95%= 1,007 a 3,830). No GMA, os fatores de risco foram tempo de menopausa (OR= 1,095; IC 95%= 1,023 a 1,172) e circunferência da cintura (OR= 1,067; IC 95%= 1,014 a 1,122). No GPA, os fatores de risco foram histórico familiar (OR= 4,175; IC 95%= 1,345 a 12,959), uso de diuréticos (OR= 5,532; IC 95%= 1,389 a 12,039) e circunferência da cintura (OR= 1,118; IC 95%= 1,029 a 1,215). No GSE, apenas o histórico familiar foi considerado fator de risco (OR= 4,381; IC 95%= 1,271 a 15,102). No exame físico, todas as variáveis do esquema PERFECT foram superiores entre as idosas do grupo praticante (GP) em relação ao grupo não praticante (GNP), com diferença significativa para a variável repetição (p= 0,008) e rapidez (p= 0,022). Na perineometria, as fibras de contração rápidas (p= 0,008) e as fibras de contração lenta (p= 0,05) foram superiores no GP. Acrescenta-se ainda que as variáveis idade (p=0,04) e circunferência da cintura (p= 0,038) apresentaram médias superiores no GP e a incidência de IU foi maior nesse grupo (56,4%). Diante dos resultados encontrados, nota-se que o histórico familiar é um fator de risco importante na ocorrência de IU, bem como, o aumento na circunferência da cintura. Além disso, alguns fatores de risco podem ser modificados através da prática de exercícios físicos e adoção de um estilo de vida saudável como a hipertensão, uso de diuréticos e circunferência da cintura aumentada, devido o sobrepeso. Acrescenta-se ainda que as idosas do GP apresentaram melhor função muscular do assoalho pélvico do que o GNP reiterando evidências que apontam contrações perineais durante o aumento da pressão intrabdominal, comum na prática de exercícios físicos. Sugere-se que a variável idade e circunferência da cintura podem influenciar o mecanismo de continência urinária.