Resumo

Estudos promovidos através do futebol têm se tornado expressivos e relevantes no conjunto das produções antropológicas recentes. Vários trabalhos utilizaram oportunamente os torcedores de futebol como laboratório importante para a compreensão de fenômenos e objetos caros ao fazer antropológico, como as emoções, sociabilidade e cultura juvenil, violência urbana, pertencimento; entre outras. Concomitantemente ao crescimento da violência dos grandes centros urbanos do país, provocado por vários fatores estruturantes - dentre os quais o tráfico de drogas, aumento do desemprego, urbanização desordenada de várias capitais, corrupção e escândalos na política nacional -, foram registrados vários incidentes nos estádios de futebol, muitos envolvendo integrantes de grupos organizados de torcedores, que no contexto da espetacularização do futebol renderam grande repercussão midiática. Na busca pela identificação dos culpados estabeleceu-se uma relação quase que obrigatória entre os estudos produzidos sobre o futebol brasileiro e a questão da violência. Esta etnografia propõe a interpretação do fenômeno das alianças entre grupos organizados de torcedores de cidades diferentes como resposta e estratégia de superação da condição de exclusão social dos grupos de torcedores, gestada no processo de elitização do futebol do Brasil, sobretudo, a partir da segunda metade da década de 1990. O objetivo consiste, portanto, em compreender a construção do vínculo social entre grupos de cidades diferentes, interpretada como a escolha determinante entre a recuperação do protagonismo ou a permanência na invisibilidade, no contexto do futebol de espetáculo.

Acessar Arquivo