Feminilidades, baile funk e transgressão: códigos e constituição de um ethos feminino singular

Parte de Lazer e territorialidades: tessituras sociais, culturais e políticas . páginas 61 - 80

Resumo

Apresentar uma parte do mosaico de feminilidades e das juventudes é o que pretendo neste texto. Sabe-se que é impossível falar em uma identidade feminina tornando-se inútil buscar alguma essência da noção de “mulher”. Assim, seria ingênuo pensar no ser humano sem os atravessamentos identitários de raça, classe, idade e ideologias. Neste contexto, esse ser humano pode ser compreendido como uma amálgama desses vários traços identitários que o compõem, apresentando uma série de multiplicidades, de modos de estar no mundo, de ser ou tornar-se mulher. Há muito, os movimentos de mulheres, e até mesmo as teorizações feministas, já demonstravam a ocorrência de muitas fraturas, muitas diferenças. Neste sentido, tanto no movimento quanto no pensamento feminista, a mulher se constitui de “muitos jeitos”, de “várias formas” de “diferentes raças”, “classes”, “crenças”, “orientações sexuais”, mulheres de diferentes tempos, ainda que estejam todas vivendo numa mesma época. Sendo assim, essas distintas posições também vão contribuir para elaboração de formas distintas de enfrentamento das condições de vida, supor destinos, expectativas, possibilidades, assim como distintas formas de se submeter. Frente a isso, apresento um olhar hermenêutico acerca da construção social das feminilidades, com o intuito de resgatar a historicidade nessas relações do ser e do tornar-se, a fim de compreender seu engendramento, em especial no que concernem as relações de poder que caracterizam o sistema patriarcal ainda tão presente em nossos dias.