Resumo
Neste estudo, nosso olhar se volta para a relação entre a mídia e a morte de jogadores de futebol. Nosso foco está na cobertura jornalística realizada acerca da morte de Fernandão. Delimitamos, como essência de nossa análise, matérias publicadas pelos jornais Correio do Povo e Zero Hora. Limitamos nosso corpus a cinco publicações de cada um dos periódicos. São as primeiras produções de gênero informativo produzidas sobre o falecimento do ídolo colorado e publicadas nas versões impressas dos jornais. Nosso objetivo é estudar a produção de sentido na cobertura da morte de um ídolo esportivo como Fernandão. Também nos motiva a busca pela compreensão da forma como as matérias observadas colaboram na construção do mito do atleta. Como método, nos valemos do Paradigma da Complexidade proposto por Edgar Morin (2011), que aposta não na linearidade do caminho, mas no diálogo constante de saberes. Definimos como técnica de análise de nosso corpus a semiologia de Roland Barthes (1996). Ao desvelar os discursos - verbais e não verbais - buscamos encontrar o que está obtuso nas produções sobre a morte de Fernandão. Nossas análises serão orientadas por seis categorias a priori que entendemos como pertinente para a realização deste estudo. Nosso ponto de partida está alicerçado em: fotografia, com as subcategorias studium e punctum; fait divers; mito; imaginário; estereótipo e socioleto. Todas são baseadas nas reflexões de Barthes. O estudo revelou semelhanças no discurso produzido pelos dois periódicos acerca da morte de Fernandão. A partir de elementos verbais e não verbais, as matérias tratam de inocentar a trajetória do jogador, destacando, sobretudo, os momentos de vitória e alegria, suprimindo as contradições.