Resumo

A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente, especialmente em idosos. As restrições mecânicas provocadas pelos sintomas da doença impactam consideravelmente a funcionalidade e aspectos fisiomecânicos da locomoção. A presente tese testa dois modelos de intervenção de caminhada e um modelo de corrida de velocidade em alta intensidade em pessoas com DP, que ao nosso conhecimento, parecem inexploradas na literatura. Desta forma, o objetivo da presente tese foi avaliar os aspectos fisiomecânicos da locomoção da DP e apresentar insights sobre o treinamento de caminhada nórdica e a mecânica do sprint para esta população. Para isto, foram avaliados os efeitos do treinamento de alta-intensidade entre a caminhada nórdica e caminhada livre sobre parâmetros: i) mobilidade funcional de caminhada e Índice de Reabilitação Locomotora; ii) cinemática e atividade eletromiográfica dos membros inferiores. Adicionalmente, foram avaliados aspectos de: iii) viabilidade, segurança e eficácia do sprint; e iv) desempenho, mecânica e efetividade da mecânica do sprint em pessoas com DP. Para o desenvolvimento dos estudos 1 e 2, os protocolos de treinamento de caminhada nórdica e caminhada livre durante nove semanas foram realizados. Avaliações da mobilidade funcional, velocidade da marcha, parâmetros espaço-temporais e neuromusculares foram avaliados por meio de análises cinemáticas e eletromiográficas. O estudo três foi desenvolvido utilizando uma avaliação mecânica da capacidade dos membros inferiores produzirem força, potência e velocidade. Esta análise foi realizada por meio de uma técnica cinemática aliado a um modelo teórico dos diagramas dos perfis de força e velocidade. Os programas de treinamento das duas modalidades de caminhada promoveram melhora sem diferença entre os grupos, em todos os desfechos de mobilidade funcional, velocidade da marcha, capacidade de caminhar uma distância máxima, parâmetros cinemáticos e de ativação eletromiográfica de membros inferiores de pessoas DP. Os insights dos estudos 1 e 2 são que o protocolo de periodização de alta-intensidade para diferentes modalidades de caminhada usadas na presente tese, podem ser utilizadas como estratégias de intervenção para melhorar a marcha de pessoas com estágios de leve a severos da DP. O artigo 3 mostra que o exercício de sprint é viável e seguro para pessoas com estágios de leve a moderado da DP. Adicionalmente, sugere que pessoas com DP apresentam diferenças entre qualidades físicas e efetividade mecânica quando comparados a idosos. Embora aconteçam essas diferenças, isso não impacta no desempenho do sprint em idosos e pessoas com estágios de leve a moderado da DP. Novos ensaios clínicos se tornam necessários para avaliar os efeitos do treinamento da caminhada nórdica sobre os aspectos fisiomecânicos da locomoção, especialmente sobre os mecanismos minimizadores de energia da marcha de pessoas com DP. E ainda, novos experimentos com protocolos de treinamento de sprint nesta população.

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