Integra
O desporto não nasceu a rogo da biologia e fisiologia dos nossos órgãos vitais, nem da mecânica das articulações. Por ser um fenómeno total e território de fronteira tange as mais diversas dimensões da vida e da sociedade: arte, cultura, educação, estética, saúde, espetáculo, comércio, negócio, turismo, etc. Todavia, a finalidade intrínseca à sua criação prende-se com a causa da humanização, espiritualização e divinização dos humanos, mediante a realização de feitos que escutam e respondem ao apelo da transcendência e sublimam as afetações e a hibridez das forças corporais. Na fonte matricial estão, pois, axiomas de ordem antropológica, axiológica, filosófica e simbólica. É à luz desta visão que requer ser prioritariamente entendido, avaliado e julgado; o resto é secundário, são externalidades e objetivos extrínsecos. Por favor, não o casem com a falácia da atividade física! Ele aspira a casamento com a altura e excelsitude. Sim, coloca exigências e implica dispêndio energético, sobretudo na observância dos imperativos éticos e estéticos.
A exercitação gestual pressupõe a mobilização do ânimo. Os atos desportivos penas são físicos na aparência; na essência são anímicos, decisões volitivas, uma via para buscar o que nos falta, conservar o que temos e reparar o que enfraquece. As mãos e pernas tentam fazer por fora o que a mente e a vontade idealizam e vão fazendo por dentro.
06.04.2025
Jorge Bento