Resumo

A formação profissional é um dos grandes nós do processo de inclusão escolar, pois muitas vezes o professor não se sente seguro para atuar. Entende-se que a autoeficácia é concebida pela crença na confiança que o professor apresenta para desenvolver atitudes positivas para com o estudante com deficiência. O objetivo desse estudo foi discutir a formação continuada em face da perspectiva inclusiva, de professores de Educação Física Escolar atuantes na Educação Básica em Portugal e no Brasil. Este estudo caracteriza-se como um Estudo de Caso com a abordagem de Métodos Mistos para coleta e análise de informações. Foram participantes 26 professores de Educação Física Escolar, sendo 13 professores portugueses, dentre estes 5 participantes atuantes em escolas públicas portuguesas e 8 participantes Recém-Licenciados em Educação Física e 13 brasileiros, sendo 5 participantes atuantes na rede municipal de ensino de Itanhaém (São Paulo/Brasil) e 8 participantes Recém-Licenciados em Educação Física, selecionados por acessibilidade. A coleta de informações aconteceu em dois momentos. No primeiro momento ocorreu a aplicação do questionário Escala de Autoeficácia na Educação Física Inclusiva (EAE-EFI) e a realização da entrevista semiestruturada, com professores portugueses e no segundo momento, o mesmo procedimento foi realizado com professores brasileiros. A coleta de informações aconteceu tanto presencialmente quanto por meio de vias midiáticas através das plataformas online SurveyMonkey e Plataforma Zoom. A análise das informações do questionário foi realizada com o software para análises estatísticas “Statistical Package for the Social Sciences” (SPSS 30.0) e da entrevista semiestruturada que ocorreu com técnica da análise de conteúdo, sendo estas informações organizadas com software N’Vivo 13 para Windows. Observamos que os professores Recém – Licenciados portugueses percebem-se mais competentes e com maior qualidade na experiência ao atuarem com estudantes com Deficiência Física e Deficiência Visual. Já os professores Recém – Licenciados brasileiros tem estas percepções na atuação com estudantes com Deficiência Intelectual. Entretanto, os professores de ambos os países que não são Recém – Licenciados, sentem-se mais competentes e com maior qualidade na experiência na ação docente com estudantes com Deficiência Intelectual. Vimos ainda que diversas barreiras estruturais, atitudinais e legislativas representam um entrave perante a efetividade de um ensino inclusivo nas aulas de Educação Física Escolar, entre estas estão a indisponibilidade de recursos pedagógicos e humanos, materiais e sobretudo formativos que levam os professores a se questionarem o quanto se sentem eficazes para promover uma ação pedagógica mais equitativa. Com a precária oferta de formação continuada, tanto os professores portugueses quanto os brasileiros buscam parceria com os professores de Educação Especial atuantes nas escolas e compartilham experiências com outros professores de Educação Física. Este movimento é apontado pelos professores como uma ação pedagógica para suprir o processo formativo que a Educação Inclusiva demanda. A Inclusão escolar em ambos os países não é um projeto político, mas sim um projeto pedagógico que está unicamente nas mãos dos professores. Portanto, a formação continuada em contexto escolar inclusivo não é uma política pública. 

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